Um caminhoneiro cruza Santa Catarina transportando cargas perecíveis e precisa de internet para atualizar a rota e prever condições climáticas. Um ônibus de linha leva passageiros do interior ao litoral, mas perde o sinal de celular por longos trechos, dificultando o contato com familiares e empresas.
Já o motorista comum, ao se deparar com uma emergência na estrada, muitas vezes não consegue acionar socorro por falta de conexão. Situações como essas mostram como a falta de sinal nas rodovias catarinenses afeta diretamente o dia a dia de quem depende da mobilidade. Esse o ponto de partida para o debate promovido pela Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia e Inovação da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (23/04/25).
Representantes das operadoras Unifique, TIM, Vivo e Claro participaram da reunião, junto com a Arteris Litoral Sul, responsável pela concessão da BR-101 Norte. Convidados pelo deputado Jair Miotto (União), eles apresentaram informações sobre a cobertura atual e os desafios para a expansão do sinal nas rodovias. As empresas reforçaram que, embora estejam adiantadas na implantação do 5G em áreas urbanas, não têm obrigação contratual de fornecer cobertura nas estradas, pois essa responsabilidade foi inicialmente concedida a outra operadora, que acabou desistindo do serviço.
Apesar disso, as operadoras demonstraram disposição para integrar parcerias público-privadas que viabilizem a instalação de infraestrutura nas rodovias, com participação do governo estadual. A gerente da Vivo na Região Sul, Laiana Souza, citou conversas em andamento com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação para desenvolver projetos incentivados, como já ocorre em Minas Gerais. O representante da Claro, Márcio Martini, mencionou o modelo do Paraná, onde parcerias semelhantes têm resultado na ampliação da cobertura.
Já a Arteris Litoral Sul afirmou que, embora não seja responsável pela oferta de internet, pode atuar como intermediária entre operadoras e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para facilitar a instalação dos equipamentos necessários. “Estamos discutindo isso inclusive na repactuação do nosso contrato de concessão”, afirmou Marcelo Passamai, gerente operacional da concessionária.
Durante a reunião, o presidente da comissão, deputado Matheus Cadorin (Novo), apresentou dados da Anatel que apontam cobertura de 67,6% nas rodovias federais e 62% nas estaduais em Santa Catarina. “Esse debate é urgente. Não falamos de luxo, mas de segurança, logística e desenvolvimento econômico”, ressaltou o parlamentar.
A comissão irá solicitar à Anatel um novo leilão com foco na cobertura das rodovias e buscará articulação com o governo estadual para tirar do papel projetos que garantam conectividade contínua nas estradas catarinenses.
, a cobertura média nas rodovias é de 65%. A discussão reuniu operadoras, a concessionária Arteris e deputados.){kind=link}