Ao contrário do que muitos pensam, o problema pode ter cura, desde que descoberta a causa e com o tratamento adequado para cada situação
Apito, zunido de abelha, chiado, canto de cigarra ou de grilo. Na maioria das vezes, esta é a forma encontrada por muitas pessoas para descrever o zumbido no ouvido. Da mesma forma que a dor de cabeça ou a febre, o problema não é considerado uma doença propriamente dita, mas um sintoma de várias doenças distintas.
E quem pensa que zumbido é coisa apenas de idosos ou que algo psicológico, está muito enganado. O problema pode afetar pessoas de idades distintas e apresentar várias causas, entre elas, uma das mais comuns é o som alto. No livro “Quem disse que zumbido não tem cura?”, da médica otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, com participação do médico otorrinolaringologista Ruysdael Zocoli, da Cliob, de Blumenau, há uma explicação de que a causa principal do zumbido – apesar de parecer no ouvido ou na cabeça e por mais estranho que pareça ser – nem sempre está no ouvido. Segundo a publicação, o zumbido também pode refletir problemas de outros órgãos do corpo que atrapalham o funcionamento do ouvido, como por exemplo, o sistema digestivo, a tireoide, o cérebro (que é a parte final da via auditiva e pode ser afetado por traumatismo craniano, doenças neurológicas ou problemas emocionais), o sistema cardiovascular (o ouvido interno recebe sangue apenas por uma artéria minúscula e é muito dependente dessa circulação), o sistema mastigatório (problemas na articulação ou na musculatura envolvida com a mastigação).
Ao mesmo tempo em que o zumbido pode ter varias causas diferentes, uma única pessoa pode ter várias causas para o problema. O abuso de cafeína, de doces e de alimentos gordurosos. Estes são alguns erros de alimentação que podem originar o zumbido. “Por este motivo, analisar estes erros é essencial, pois eles são a maioria das causas curáveis do zumbido”, explica o Zocoli.
O médico acrescenta que, além de causas físicas, como lesões, por exemplo, alguns fatores emocionais podem causar o zumbido. Segundo ele, têm aumentado os casos de pacientes com zumbido que apresentam problemas psicológicos, como a ansiedade, a depressão, a síndrome do pânico e o transtorno bipolar, por exemplo, como causas principais ou como coadjuvantes do zumbido. Estes problemas, de acordo com Zocoli, fazem o zumbido aumentar.
“Existem causas do zumbido que têm cura. Também há outras que há possibilidade de controle e outras, ainda, que são irreversíveis. Por este motivo, apenas uma investigação minuciosa é capaz de explicar a que grupo cada pessoa pertence”, esclarece.
“Como tudo na medicina, o ideal é que a pessoa com zumbido seja abordada levando-se em consideração os aspectos físico, emocional e espiritual. Sendo assim, não tome como verdadeiras expressões ‘zumbido não tem cura’, ‘não há nada que possa ser feito’ ou ‘você vai ter que aprender a conviver com o zumbido’. Procure ajuda e discuta com seu médico”, enfatiza.
Tratamento
Zocoli diz que o tratamento mais indicado para a pessoa com zumbido é aquele método personalizado para as causas e as necessidades de cada pessoa. “O profissional especialista na investigação das causas do zumbido é o médico otorrinolaringologista. Porém, no tratamento, a abordagem precisa ser multidisciplinar, com um trabalho conjunto com psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, dentista, etc. Por isso necessita de um bom diagnóstico, pois de nada adianta o fonoaudiólogo trabalhar em uma causa alimentar, ou o psicólogo trabalhar em uma causa orgânica. Necessita novamente uma boa investigação e o tratamento individualizado”, conclui.
Texto: Josiane Caitano