Por *Karin Panes
Esse nome pode soar estranho, mas o fato é que esse pode ser o seu perfil. O hiperfuncionante é aquele que toma todas as atividades para si. Não só as de sua responsabilidade, mas a dos outros também. Geralmente, essas pessoas têm muita energia, são organizadas, ágeis e de fato têm facilidade e competência para fazer muitas coisas ao mesmo tempo, resolver vários problemas. No entanto, esse tipo de comportamento trazer consequências negativas tanto para você como para todos ao seu redor.
Primeiro porque, certamente, você se sente sobrecarregada, acaba gastando muito da sua energia para realizar atividades relacionadas as outras pessoas e sempre acaba reclamando que está cansada, que tudo sobra para você e que todos dependem de ti para que as coisas fluam.
Outro ponto negativo desse excessivo senso de contribuição é que quando você faz pelo outro, você tira dele a oportunidade de aprender e o problema acaba voltando sempre para você. Assim, criam-se ciclos de incompetentes ao seu redor. São os chamados braços curtos, seja na família ou no trabalho. Na família, pode ser uma mãe que faz tudo pelos filhos ou pelo marido, tirando a autonomia deles, e no trabalho, aquele que faz tudo por todo mundo e sempre é muito requisitado.
Mas nesse caso, quando você se sente sobrecarregado e não consegue resolver um problema, ainda corre o risco de receber cobranças, uma vez que os outros já se acostumaram com aquele padrão de comportamento e não querem e nem sabem resolver o problema. É a famosa ingratidão. Ou seja, você faz por eles, não há reconhecimento e sobram cobranças.
O hiperfuncionante costuma estar sempre de cabeça cheia, sem tempo para cuidar de si mesmo, como ir ao médico, por exemplo, e geralmente está acima do peso, sem dar muita importância para sua saúde e qualidade de vida.
Se você se enquadrou nessas características, a dica é parar e perguntar: esse problema é meu? Essa atividade é minha? Caso não seja, retire-os da sua lista e dê espaço para o outro fazer e aprender. Ajude se for requisitada.
O exercício de perguntar ao cérebro sobre o que realmente é de sua responsabilidade é importante para descontruir um vício de comportamento, para colocar filtros e evitar as ações automáticas. No fundo, o cérebro do hiperfuncionante acha que ele ganha alguma coisa ao tomar a função do outro para si (me torno necessário, me supervalorizo, crio dependência, evito rejeição), pois esse comportamento está ligado diretamente com a autoestima. Pode trazer algum prazer no curto prazo, mas não se sustenta quando o ‘multitarefa’ cai na rotina.
Sempre digo que o medo do hiperfuncionante é ‘pifar’. Portanto, a grande dica de ação para essa problemática é: o que não é meu devolver para quem é de responsabilidade. Dessa forma, você vai guardar energia para suas atividades, melhorando seu bem-estar e seu rendimento em todas as áreas da sua vida.
*Karin Panes é treinadora comportamental, Master Coach especialista em Psicologia Positiva, Neurocientista e CEO da Ato Solutions, empresa especializada em Consultoria, Treinamento e Desenvolvimento Humano de São Paulo (SP).