Blumenau e suas histórias: As casas de comércio

 

 

 

 

 

Por Ana Maria Ludwig Moraes | Historiadora

O primeiro armazém para venda de produtos de primeira necessidade aos imigrantes, foi organizada pelo Dr Blumenau em um espaço contíguo à casa de Guilherme Friedenreich, na que seria a melhor e mais estruturada casa do Stadplatz – ou seja, centro do pequeno povoado. Ali também funcionava, em espaço cedido pelo proprietário, a sede administrativa da Colônia.

Na medida em que as pequenas propriedades foram produzindo e gerando excedentes, comercializar os produtos no próprio local foi uma maneira de gerar renda sem extenuar-se na lavoura. Se o lote estivesse em um local estratégico era possível abrir uma pequena venda, ampliando o leque dos produtos através de importações e mesmo itens de outros produtores.

Os quesitos ordem e higiene nestes espaços, deixavam a desejar, pois a renovação do estoque era dificultosa, os produtos perecíveis estragavam no calor e umidade, sem refrigeração; as embalagens não existiam ou eram muito precárias, ficando tudo exposto. É conhecido de muitos que se dedicam à história regional, a descrição de uma dessas casas de comércio, que hoje nos causa repulsa mas que à época era a realidade: “Lá se vê uma barrica de toucinho de Santos, chamado assim porque veio de Santos. Na tampa colocou-se um peso, provavelmente porque ao contrário, os bichos levariam o toucinho. Num canto, jogado ao chão, havia um fardo de carne seca, coberto inteiramente de uma espessa camada de bolor avermelhado e sujeira. A carne se assemelha ao toucinho quanto ao cheiro. Entre a carne seca e o toucinho há alguns sacos de feijão carcomidos por vermes…havia sal, mas sal grosso e sujo do mar, e viam-se ainda alguns sacos de farinha de mandioca…” Felizmente as coisas não ficaram assim por muito tempo, pois um pouco mais tarde os produtos oferecidos são surpreendentes!

Os comerciantes que se destacam nos registros históricos, deles falaremos aos poucos, nas próximas edições. Comecemos por Karl Meyer e August Spierling que vieram em 1857, são citados porque tão logo estavam instalados, abriram a primeira casa comercial estruturada da Colônia: “Casa Meyer & Spierling”, que ficava na Palmenalee (Alameda das Palmeiras). Com a prosperidade do negócio, em 1863, lançaram a pedra fundamental de uma nova loja, mais espaçosa e confortável, obra do mestre pedreiro Heinrich Krohberger. Este empreendimento manteve-se até 1882 quando após ser consumido por um violento incêndio, a empresa faliu.

Acompanhando o crescimento da Colônia tanto no que se refere ao econômico quanto ao populacional, outras casas comerciais foram abrindo e se notabilizando por explorar determinados segmentos. Muitas iniciaram suas atividades de uma forma e no decorrer do tempo e as exigências do mercado, se diversificaram e mudaram de ramo.

Na próxima edição, veremos o primeiro deles! Até lá!

¹ BC 1970, ed 11 pag 18.