Por Claus Jensen
No Dia das Mulheres, vamos conhecer um pouco da história da irmã Analuzia Schmitz com Blumenau. Em abril ela comemora 73 anos, dos quais 26 (e oito meses) foram vividos no Hospital Santa Isabel. No total, são 48 anos dedicados à área da saúde.
A irmã administrou o hospital durante 16 anos, e antes disso, ficou uma década na direção de enfermagem. Uma mulher que enfrentou desafios coordenando pessoas, buscando investimentos para manter a estrutura funcionando, seguindo seu dom de amor pela saúde do próximo.
Ela decidiu ingressar na vida religiosa aos 18 anos e escolheu fazer parte da Congregação Divina Providência. A entidade faz parte da história de Blumenau, pois chegou em 1895. Quatro anos depois iniciou as atividades do hospital que comemorou seu centenário em 2019.
Há cinco anos atrás a direção do hospital passou para a Associação Congregação de Santa Catarina, uma entidade filantrópica formada por uma rede de 24 unidades espalhadas em sete estados brasileiros, que atuam na saúde, educação e assistência Social. Em Santa Catarina, a congregação também administra hospitais em Tijucas e Tubarão.
“A pessoa tem que ter vocação, muito amor e carinho para doar-se para às outras. Cada dia você encontra uma situação diferente. Cada paciente, com sua enfermidade e dores, está em um momento muito vulnerável, e precisamos estar preparados psicologicamente para atendê-las de forma humana”, disse a Irmã Schmitz.
Ela lembra que a pior coisa é trabalhar em uma instituição de saúde e não ter essa vocação. Schmitz disse que as irmãs sempre orientaram os profissionais a ter amor e ver esse paciente como se fosse alguém da família doente, que está fragilizado. A irmã lembrou uma frase de Jesus Cristo: “O que fizeres ao menor dos meus irmãos, a mim o fizeste. E eu estive enfermo e me visitaste.” (Mateus 25:43).
Para ela a maior alegria é ver quando um paciente sai do hospital curado. “Também tem aquele que quando chega a hora, temos que preparar para a partida junto a Deus, sobretudo a família. São fases difíceis e a gente sofre muito com o doente. Por isso é essencial ter um bom preparo psicológico e equilíbrio muito grande”, comentou.
A irmã disse que nesses casos de morte, a situação com o paciente nem é tão difícil de tratar, e sim a família. É o caso de doenças terminais como câncer e outras. “Para isso temos que ter uma equipe multifuncional com psicólogos e assistentes sociais, que se dedique à essas famílias. Esse é um trabalho muito gratificante”.
Um dos momentos mais marcantes no Hospital Santa Isabel foi quando começaram a fazer os transplantes de coração e a irmã trabalhava na enfermagem. Havia um paciente chamado Calisto que só tinha mais 30% de chance de vida. Ele era uma pessoa muito humilde, morava em Itajaí, tinha um filho pequeno e a esposa estava grávida.
“Era enfermeira na época, e ele me disse que iria fazer a operação, mas queria que eu estivesse no Centro Cirúrgico. Garanti que estaria lá, e na data marcada, entrei com máscara, gorro, luvas, como manda o procedimento. Tive que tirar a máscara para mostrar que estava lá. Fiquei muito emocionada na hora que os médicos tiraram o coração e coloram o novo. O órgão antigo ainda ficou pulsando por mais uns 5 minutos dentro da cuba, enquanto os médicos implantavam o novo que veio de um doador de Criciúma. Ele viveu muitos anos depois daquela cirurgia e foi uma coisa gratificante”, relembra a irmã Analuzia.
No dia 7 de janeiro de 2016, ela recebeu uma homenagem dos colaboradores, médicos, irmãs, pelos seus 50 anos dedicados à vida religiosa. As irmãs da Divina Providência administraram muitos hospitais em Santa Catarina, mas agora não tem mais nenhum.
As unidades são patrimônio da Igreja Católica e não podem ser vendidos, apenas passados para outras congregações com o mesmo perfil de atendimento. Tudo tem que ser aprovado antes pelo Vaticano. Ao longo dos anos, as estruturas receberam muitos investimentos dos governos estadual e federal.
Transplantes
O primeiro transplante do Hospital Santa Isabel foi de um rim em 1980. Os primeiros transplantes cardíacos e de fígado de Santa Catarina foram realizados em 2000 e em 2002. Três anos depois, a unidade de Blumenau fez o primeiro transplante conjugado de pâncreas e rim no Estado.
Em 2016 foi o hospital que realizou o maior número de transplantes de fígado, superando hospitais renomados do Brasil. No ano seguinte, foi eleito o melhor Hospital Transplantador de Santa Catarina.