Por Nathália Heidorn
No dia 28 de julho é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, e existe uma razão para a existência dessa data, conscientizar e informar a população sobre a importância destas doenças e como preveni-las. As hepatites virais são um conjunto de doenças infecciosas, transmitidas por vírus que atacam o fígado. Várias hepatites estão incluídas nessa classificação, como hepatites A, B, C, D, E, dengue, herpes, epstein barr e citomegalovírus. Entretanto, o foco da campanha de prevenção se concentra nas hepatites B e C, pelo potencial destes subtipos em danificarem o fígado, podendo causar cirrose.
“Os dados mundiais revelam que aproximadamente 325 milhões de pessoas são infectadas pelas hepatites B e C, gerando cerca de 1,4 milhão de mortes relacionadas à doença por ano”, conta a médica gastroenterologista cooperada à Unimed Blumenau, Dra. Maíra Silva de Godoy.
A especialista também informa que há nove vezes mais pessoas infectadas pelas hepatites B e C do que pelo vírus HIV. “Depois da tuberculose, são as doenças infecciosas que mais matam em todo o mundo e, por este motivo, há necessidade de fortalecimento das campanhas de prevenção”, afirma.
Tanto a hepatite B quanto a C podem ser adquiridas por meio de relações sexuais sem preservativo e pelo contato com sangue contaminado, estas são as formas mais comuns de transmissão da doença. A gastroenterologista Dra. Maíra Silva de Godoy explica abaixo sobre as variedades das hepatites que, frequentemente, não exibem sintomas.
Hepatite B
A hepatite B é transmitida por um DNA do vírus da Família Hepadnaviridae. Esse vírus pode causar uma infecção aguda e com poucos sintomas, como dores musculares, fraqueza, perda de apetite, náuseas e dor abdominal, porém, apenas um terço das pessoas infectadas apresentam icterícia, ou seja, coloração amarela da pele e mucosas, sinal que normalmente leva as pessoas a procurarem atendimento especializado.
Após a infecção aguda, cerca de 90% das pessoas em idade adulta conseguem “eliminar” o vírus pela resposta adequada do sistema imunológico, no entanto, o restante evolui para a forma crônica e, destes, de 20 a 25% evoluem para doença avançada do fígado. O vírus da hepatite B é considerado oncogênico, ou seja, pode causar câncer de fígado, exigindo monitoramento constante e contínuo.
Hepatite C
A hepatite C é causada por um vírus RNA da Família Flaviviridae e com infecção assintomática na maior parte das vezes, sendo que apenas 20% dos infectados desenvolvem a coloração amarelada da pele (icterícia). A doença possui uma elevada taxa de cronicidade, evoluindo de forma lenta e silenciosa até o surgimento da doença hepática crônica avançada. Ao contrário da hepatite B, apenas 20% dos infectados conseguem cura espontânea. Dos 80% que evoluem para a forma crônica, de 20 a 30% evoluem para cirrose. Após o diagnóstico de cirrose a chance de evolução para câncer no fígado é de 2 a 5%.
Prevenção
De acordo com a especialista, a hepatite B deve ser prevenida por vacinação, sendo segura e eficaz, conferindo imunidade em mais de 95% das pessoas. A hepatite C não possui vacina para auxiliar na prevenção, por este motivo, medidas devem ser fortalecidas para evitar a propagação da doença.
A prevenção de ambas as formas requer atitudes e práticas seguras, tais como: uso adequado do preservativo, não compartilhamento de instrumentos cortantes e objetos de higiene pessoal. Há necessidade de conferir e questionar sobre esterilização adequada dos materiais em locais que utilizem agulhas ou outros instrumentos similares.
Os grupos de risco para hepatites incluem:
- Usuários de drogas injetáveis e inalatórias;
- Presidiários e pessoas institucionalizadas;
- Receptores de sangue, principalmente se realizado antes de 1993.
- Crianças nascidas de mãe com sorologia positiva;
- Parceiros sexuais de pessoas com sorologia positiva;
- Infectados por HIV;
- Pessoas com piercings e tatuagens;
- Renais crônicos que necessitem hemodiálise;
- Pessoas em risco para exposição a sangue ou outros materiais biológicos;
- Profissionais do sexo.
“Além das pessoas destes grupos de risco, aqueles com alterações nos exames do fígado e na faixa etária acima dos 40 anos, devem realizar os testes pelo menos uma vez durante a vida e repeti-los em caso de exposição a qualquer fator considerado como de risco para transmissão”, finaliza a gastroenterologista Dra. Maíra Silva de Godoy.