Mesmo com os avanços tecnológicos na área da medicina, que auxiliam no diagnóstico e tratamentos de doenças, algumas ainda são pouco conhecidas, porém acometem um número expressivo de pessoas. Conforme a médica reumatologista Mara Suzana Cerentini Loreto, presidente da Sociedade Catarinense de Reumatologia (SCR), a fibromialgia afeta 6% da população mundial, mas ainda é uma síndrome pouco conhecida, não detectável em exames laboratoriais e de origem repleta de hipóteses.
“Alguns sintomas da síndrome da fibromialgia são muito parecidos com os sintomas de outras doenças reumáticas; o ideal é conhecer e atentar para os sintomas e procurar um médico reumatologista para levar a sua história a ele”, alerta a médica.
A síndrome da fibromialgia é uma das principais causas de dor crônica e atinge principalmente as mulheres – uma média de 9 mulheres para 1 homem. Segundo a reumatologista e vice-presidente da SCR, Adriana Fontes Zimmermann, as mulheres afetadas pela fibromialgia têm idade entre 30 e 50 anos de idade, embora suas queixas tenham efetivamente iniciado na infância ou adolescência.
“Aqui nos deparamos com um fator muito comum na população brasileira, a automedicação. Nesse caso, a fibromialgia tem sintomas muito parecidos com outras doenças, o que torna o diagnóstico e tratamento correto, tardio. É importante procurar o médico reumatologista, que está apto a diagnosticar e tratar corretamente a fibromialgia”, diz a médica.
Causas
As causas da fibromialgia estão relacionadas à chamada ‘sensibilização central’, quando o sistema nervoso central perde a capacidade de inibir os estímulos dolorosos e passa, ao contrário, a ampliar estas sensações dolorosas, levando à cronificação da dor. Embora não se saiba a causa deste distúrbio, acredita-se que pessoas com fibromialgia têm percepção alterada da dor em nível do sistema nervoso central, documentados por exames de neuroimagem cerebral.
Sintomas
A síndrome é caracterizada pela presença de dor difusa (em todo o corpo) por um período superior a três meses. Além da dor, há geralmente outros sintomas associados, como fadiga e alterações do sono (principalmente sono superficial, aquele que não descansa). Os distúrbios do humor (depressão e/ou ansiedade) também estão frequentemente associados à dor. É comum também a queixa de hipersensibilidade (muita dor ao simples toque) e o sintoma das pernas inquietas durante a noite.
Tratamento
É fundamental a realização de atividade física orientada e regular, com exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular. O tratamento medicamentoso inclui o uso de moduladores dos estímulos dolorosos como os antidepressivos, além de medidas para a melhoria do sono, associadas a psicoterapia de apoio.
A reumatologista Mara Suzana Cerentini Loreto ressalta, ainda, que é muito importante a relação de confiança entre paciente e o médico, para que a pessoa que sofre com a síndrome possa assumir seu papel como principal agente no controle dos sintomas. “É possível, sim, conviver com a fibromialgia e ter qualidade de vida, basta uma sintonia entre o paciente e o médico reumatologista”, finaliza.