Emprego de menina?

Renata Zepelini, Diretora de TI do McDonald's Brasil

 

Por Renata Zepelini, Diretora de TI do McDonald’s Brasil

Ao longo da vida, nos ensinam que existem brinquedos diferentes para meninos e meninas, assim como cores, roupas, tipos de filme, modos de falar e esportes que cada um deveria praticar. E na vida profissional não seria diferente. Deveríamos escolher e ser escolhidos para cargos ‘masculinos’ ou ‘femininos’. A nós, mulheres, era somente permitido trabalhar com temas que envolvessem crianças, beleza, limpeza, organização de escritório e educação.

A atual geração já convive com menos barreiras e as empresas estão percebendo isso, tanto no que se refere ao consumidor final, dando a ele a opção de decidir o que quer usar, falar e prover aos seus filhos, quanto na democratização do espaço profissional, no qual mulheres são eleitas para profissões que antigamente eram apenas ‘para homens’.

Eu mesma, se tivesse seguido o que a sociedade me dizia ser o ‘certo’ nos anos 80, não teria chegado onde cheguei. Escolhi uma profissão com a qual, ainda hoje, muitas mulheres não têm afinidade, pois cresceram ouvindo que as ciências exatas são para homens, sempre mais práticos e rápidos no raciocínio.

Escolhi a área de Tecnologia da Informação e sempre fui minoria, nas salas de aula e nas empresas. Mas se tivesse focado nessa questão de gênero, não teria ido longe. Assim como todos que querem vencer na profissão que ama, fui atrás de desafios e venci cada um deles. Liderar uma área de TI é desafiador, mas não por ser tipicamente masculina, e sim pela responsabilidade de inspirar uma equipe, mostrando que todos podem alcançar seus objetivos, independentemente do gênero.

Felizmente trabalho em uma organização onde mais de 50% das mulheres estão em cargos de liderança e que possui um sério código de ética e de conduta. Mas fora daqui ainda lidamos com uma realidade desigual. No Brasil, por exemplo, as mulheres representam apenas 15% dos alunos nas universidades em cursos de tecnologia e apenas 16% dos concluintes, de acordo com dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

É difícil mudar o todo a partir da perspectiva de um só lado. Mas estou segura que devemos fazer nossa parte para impulsionar a democratização. Portanto, mulheres, dediquem-se e entreguem sempre o seu melhor. E só assim, venceremos as barreiras sem deixar nenhuma dúvida sobre nosso potencial e força.