Menino da Buraqueira: música protesto contra buracos de rua em Blumenau

Por Claus Jensen

Faz umas duas semanas que Carlos Curt Klitzke, de 34 anos,  morador da Rua Erwin Manske, bairro Itoupava Rega, criou uma música para protestar contra as más condições da via. Carlos disse que certos dias, um trajeto de 15 minutos, chega a demorar quase uma hora. Segundo ele, já estão medindo a rua para asfaltar desde a década de 1980, mas não há uma previsão de iniciar a obra.

Usando como inspiração o clássico sertanejo “Menino da Porteira”, ele fez uma letra criativa que chamou de “Menino da Buraqueira”. O cenário é uma casa de madeira, radinho antigo, tudo muito a ver com o clima.

A canção ficou bem interpretada e tocada pelo músico que toca violão há 11 anos e é vocalista da Banda Older Jack, de Pomerode (SC), que já tem um CD gravado. O que chamou minha atenção é que eles tocam rock’ roll em alemão, segundo Carlos. Na banda, disse já tocar há 4 anos, período em que começaram a criar músicas autorais.

Criatividade com crítica sensacional. Primeiro a música, embaixo a letra:

 

 

Menino da Buraqueira
Carlos Curt Klitzke

Toda vez que eu dirijo pela Itoupava Rega
De longe eu já avisto o tamanho do problema
Ou é lama e buraco ou é pedra e poeira
Às vezes lavo meu só pra trocar de sujeira

A verba já foi mandada mas asfalto não tem não
Pra desviar dos buracos eu ando na contramão
E pra você que está achando que isso tudo é invenção
Convido pra vir aqui, sentir na pele a emoção

Quando passa a patrola é aquela alegria
Mas também é um sinal de que vai chover no outro dia
É amortecedor que estoura, é pneu que esvazia
Só mesmo com um trator para enfrentar essa via

Já tentei improvisar e encontrar outra rota
Meu carro está zoado, já perdi duas calotas
Quando ponho um CD ele pula mais que pipoca
Melhor andar devagar ou vou acabar na grota

Nos caminhos dessa via muito susto já tomei
Desviei de um buraco, outros vinte eu peguei
Fui parar na oficina, muita grana eu gastei
Até o dinheiro da pinga, juro que quase chorei

A conta da oficina do meu pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que eu não esqueço jamais
Nem que eu tenho que andar uns cem quilômetros a mais
Nessa estrada maldita meu carro não ponho mais