Rodovias estaduais (SC) e BR 470 foram assuntos de extenso debate no evento Pauta Café da manhã desta sexta-feira, 24, no Offcina Café Coworking. A realização da Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí (Assimvi) com a temática “Rodovias do Médio Vale, gargalos e impacto social” contou com 35 participantes, incluindo as autoridades convidadas. Os problemas causados pela falta de duplicação ou má conservação das estradas que cortam a região e interligam os municípios e possíveis soluções para o problema, aprofundaram o conhecimento dos profissionais de imprensa que se fizeram presentes ao evento. Ao final, todos, autoridades e imprensa, relevaram a importância deste Pauta Café.
Apesar da ausência de representante do Dnit e Deinfra, responsáveis diretos pelas estradas federais e estaduais que cortam o estado de Santa Catarina, o evento foi um sucesso. Representantes de entidades importantes como presidentes da Ammvi, Acib e Setsesc estiveram presentes, além do representando do governo do estado, diretor da ADR/Blumenau Emerson Antunes. O único detentor de mandato eletivo presente foi o deputado federal João Paulo Kleinubing, tenham sido convidados senador, deputados federais e estaduais com base eleitoral em Blumenau. “Apesar de algumas ausências quem compareceu saiu com mais conhecimento sobre o assunto, números e com melhor condição de informar a comunidade”, destaca o presidente da Assimvi, jornalista Fabrício Wolff.
Fragilidades
As autoridades convidadas falaram por cinco minutos antes do bate papo se tornar mais informal. Nas falas do presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Carlos Amaral, e do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do estado, Osmar Labes, fica a certeza dos prejuízos econômicos causados pela não duplicação da BR 470: transporte mais caro, empresas deixando a região, dificuldade de conquistar novas indústrias para se instalarem aqui… gargalos que atingem até o turismo, outra fonte econômica, pelos gargalos rodoviários que impedem a mobilidade.
Além da questão econômica, o custo social é enorme. Mais gente desempregada, menor criação de vagas, alto custo ao sistema de saúde e às famílias que perdem entes queridos nas estradas. Os números assustam: 1.784 mortes de 2000 até 31 de janeiro de 2017. Somente em 2016, foram 1.722 acidentes que dão um prejuízo de R$ 125 milhões, considerando o custo hospitalar, danos veiculares e perda de produção.
O presidente da Acib ainda reclamou da frágil representatividade da região quando o assunto é pressionar autoridades federais e estaduais por soluções. Ele e o deputado João Paulo Kleinübing concordam que não haverá duplicação da BR 470 sem a implantação de pedágios. “No máximo avançam até Gaspar. Dali em diante, em direção ao Alto Vale, só com licitação e pedágio”, sugere Carlos Amaral. Só o custo de desapropriações de Blumenau a Indaial chega ao valor de R$ 400 milhões. Kleinübing acredita que o esforço é em coordenar um processo licitatório que mantenha o pedágio a um custo razoável para o usuário da rodovia. Ele, que assume agora o Fórum Parlamentar Catarinense na Câmara Federal, garantiu esforços no sentido de aligeirar a duplicação.
Estaduais
O presidente da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí, José Luis Colombi, ressaltou que as rodovias estaduais também precisam de atenção e cobrou diretamente maior interesse, desburocratização e ação do Deinfra – o departamento de estradas catarinense. A Ammvi lembrou que municípios menores tiveram grande crescimento populacional, bem maior do que Blumenau, e isso cria maior tráfego entre as cidades da região. “A mobilidade regional está em risco”. O diretor da Agência Regional de Desenvolvimento do Governo do Estado falou do prolongamento da Via Expressa em Blumenau (SC 108), que está em andamento, de outras rodovias como a SC 477 e a Jorge Lacerda (SC 470), mas disse das dificuldades comuns ao processo de licitação e obras do poder público.
Os assuntos foram aprofundados depois com as perguntas em forma de bate papo dos profissionais de imprensa presentes. Todos tiveram a oportunidade de, em duas horas de evento, tirar dúvidas, aprofundar conhecimento e até mesmo conhecer as dificuldades do processo e anseios dos agentes envolvidos neste esforço, que é melhorar a qualidade rodoviária de nossa região. Ficou claro que é preciso mais união, mais interação e mais cobrança desses agentes às autoridades federais e estaduais.
A crença do deputado Kleinübing que em um ano possamos ter a licitação para concessão da BR 470 na rua, é alentadora. Porém nossos gargalos vão muito além da BR 470 e é preciso um olhar muito mais efetivo também do Governo do Estado, além do Governo Federal, para os problemas rodoviários do Médio Vale do Itajaí. O debate agora reacendido pelos profissionais de imprensa, através de sua entidade – a Assimvi – não pode ser esquecido nos próximos meses. A Assimvi está fazendo a sua parte e a imprensa não deixará o assunto morrer.