Texto e fotos: Julio Pollhein
A bordo do caiaque de Rodrigo Drapzinski, de 32 anos, fui navegando pelo Rio-Itajaí, para ver de perto, na tarde de sábado (05/11/16), a primeira edição do Festival Blumenau a Bordo – evento voltado ao turismo náutico da cidade – organizado pela Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (Ablutec).
O porto de partida foi às margens do rio, próximo a Ponte de Ferro (Aldo Pereira de Andrade). Drapzinski tem uma relação forte com o rio há mais de dez anos. Ele aceitou fazer o trajeto até os locais: Prainha e da Praça Doutor Hercílio Luz, em frente ao Clube Náutico América, onde foi realizado o evento.
Caiaque pronto, é hora de colocar o colete salva vidas e o capacete para começar a navegação. Na água, o guia conta que realiza passeios turísticos, há dois anos nos principais rios da região. Ele explica que lidera uma equipe de seis pessoas chamada Capivara Rafting – alguns bombeiros fazem parte da equipe.
Na saída podemos ver por baixo, detalhes da estrutura férrea da Ponte e da Prefeitura (cartões postais da cidade). Duas pessoas com caiaques param para conversar. São: Odair Rezini, de 39 anos, que mora em Indaial e veio para o evento náutico. Rezini conta que navega no rio há cinco anos, “me sinto tranquilo e seguro”. Osmar Alexandre, de 49, sempre teve vontade de encarar o rio, mas não se sentia a vontade por falta de companhia. Com amizade de Odair está motivado e fala que não imaginava que era tão tranquilo, “se soubesse teria arriscado antes”.
Na viagem o guia manobra calmamente o caiaque. Mostra as encostas – vegetação e pássaros que pousam num galho seco. Na voz a emoção se reflete quando fala do rio e por compartilhar com outras pessoas a emoção do passeio náutico. Ele investiu em treinamento e na compra de embarcações: caiaques e botes, além de material e equipamento de segurança. O total já ultrapassa R$ 50 mil, por isso, atualmente comercializa passeios para diferentes públicos. Uma das propostas da equipe é apresentar a cidade através de passeio turístico e ecológico passando pelas cinco pontes do município.
Enquanto registro imagens do rio vejo dois pescadores. Paramos para conversar! O mais falante é José Luís Dossi, de 61 anos, que pesca no rio há mais de 40 anos. “Eu pescava de tudo quando a água era limpa: tilápia, cascudo, carpa…” Ele conta que num determinado período não dava para comer a pesca porque tinha cheiro de óleo combustível. “Mudou para melhor já faz uns quatro anos”, conclui. Desejamos uma boa pescaria e seguimos em frente.
Estamos próximos da ponte do centro (Adolfo Konder) e do Castelinho da Havan. Paramos para registrar imagens. Chama a atenção o excesso de resíduos da natureza que ficou enroscado em uma das pilastras da ponte. Embaixo da estrutura uma pequena corrente de água faz girar o caiaque – nada preocupante. Logo na frente, o guia faz questão de mostrar a rocha que normalmente está submersa. O nível do rio baixo fez ela aparecer. Segundo ele, existe relato que o Dr.Blumenau e comitiva teria colidido com o barco na pedra.
Perto da Prainha, a água fica agitada. Ouvimos ronco de motor dos veículos aquáticos. Dois jet skis passam por nós em velocidade. Um piloto acena e parece feliz com o lazer nas águas. É o reencontro do homem com o rio. A amizade estava adormecida e se revelou nessa tarde novamente. Um dos objetivos do evento náutico é esse mesmo. Promover a relação amigável entre o blumenauense e o rio Itajaí-Açu que ficou esquecida em função de vários acontecimentos. Um deles: a enchente.
Em terra firme na Prainha
No desembarque agradeci ao Rodrigo pela viagem interessante. Ao rio, pela paz e tranquilidade que me proporcionou. Em terra firme pude observar inúmeras pessoas prestigiando o evento, afinal várias atrações foram colocadas à disposição do publico, algumas gratuitas, a exemplo de: Passeio de stand up paddle, caiaque e oficina de noções para navegar com barco à vela; Arremesso de isca e luta de cotonetes; Apresentação de flyboard (sorteio de quatro vôos); Corrida de stand up paddle; Noções básicas de mergulho e sorteio de curso prático para carteira de arrais; Oficina de pesca para iniciantes; Passeio de jet ski; Nós em cabos náuticos, demonstração de sistema contra incêndio acoplado ao jet ski; Arremesso de isca e Happy hour.
André Rossini, de 29 anos, veio ao local com a esposa Jaqueline e os filhos. Para eles a cidade tem mais é que explorar esse tipo de evento que o rio possibilita com próprio potencial. A família parecia entusiasmada com a opção de lazer e esporte que à tarde de sábado proporcionou no local.
Imagens do evento
Flyboard – A modalidade permite voos com a impulsão da água