As vendas na indústria do cimento não começaram positivas em 2022 no Brasil. Em janeiro foram vendidas 4,6 milhões de toneladas, 8,6% a menos em relação ao mesmo mês no ano passado, e queda de 3,7% se comparado a dezembro. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Na comparação por dia útil – melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento – as vendas do produto registraram em janeiro 197,4 mil toneladas, uma redução de 10,8% em comparação ao mesmo mês do ano anterior e de 3,9% em relação a dezembro de 2022.
O resultado foi puxado pelo agravamento da situação econômica do país e as questões de natureza sanitária, como a nova variante ômicron¹ e a Influenza. As altas da inflação e dos juros, o crédito imobiliário menos acessível2 , o endividamento das famílias – que só deve se alterar com a recuperação do mercado de trabalho – e o mau desempenho da região Sudeste, maior produtor e consumidor de cimento, com retração de 13,3% frente a janeiro de 2021, causado, principalmente, pelas fortes chuvas que atingiram praticamente todo país, com destaque para São Paulo e Minas Gerais, foram as principais razões da baixa performance do período.
Ademais, todos os indicadores de confiança apontam uma piora nesse início do ano. De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas, os índices3 do consumidor — que sem o suporte dos benefícios emergenciais continuam postergando consumo e dependendo da recuperação do mercado de trabalho – da construção e dos empresários mantiveram a trajetória de queda e revelaram um pessimismo mais acentuado causado pelo cenário geral da economia.
O setor segue pressionado com os constantes aumentos de custos dos insumos, principalmente energias elétrica e térmica (coque), sacaria e refratários, entre outros. Registra-se ainda um arrefecimento nas vendas de cimento destinadas ao autoconstrutor4, ocasionado pelo alto desemprego, endividamento e diminuição da renda.
Os principais indutores da atividade em janeiro permanecem sendo a continuidade das construções imobiliárias, principalmente s empreendimentos de médio e alto padrão; além da retomada, ainda que modesta, de obras de infraestrutura.
“O grande desafio do setor do cimento será assegurar o desempenho de 2019 a 2021 que contribuiu para recuperação de parte das perdas do período de 2015 a 2018 durante a pior crise da história da indústria do cimento”, comenta Paulo Camillo Penna — Presidente do SNIC