Vapor Blumenau – um patrimônio esquecido…

O velho barco espera a revitalização completa da Prainha para ganhar sobrevida...

Foto: Julio Pollhein

Embarco numa viagem imaginária ao rever de perto o barco Vapor Blumenau que foi deixado, há mais de 60 anos, na Praça Juscelino Kubitschek (Prainha) e aguarda um destino final com a conclusão do projeto de revitalização da Praça.

Foto: Julio Pollhein

Volta no tempo…

O Vapor navegou pelo Rio Itajaí-Açu [1895-1959] ligando os municípios de Blumenau e Itajaí com transporte de passageiros e mercadorias — O barco realizava paradas em Gaspar e Ilhota — levava seis horas para fazer o trajeto. A viagem de retorno era feita em oito horas, devido a correnteza do rio.

A arquiteta, Angelina Wittmann, relata em seu Blog: Arte, Cultura, História e Antropologia, que nos primeiros anos da Colônia, o rio Itajaí-Açu foi a rua principal de Blumenau — o rio também era um canal de comunicação com o mundo.

O Vapor Blumenau foi a segunda embarcação a fazer o trajeto — anteriormente as viagens eram realizadas pelo Vapor Progresso, que ao passar do tempo não atendia mais a demanda do transporte de cargas e passageiros, devido ao fortalecimento econômico da região — resultado do aumento das transações comerciais.

A embarcação mede 28 metros de comprimento, 4m40cm de largura e 2m10cm de altura e tinha potência de 80 cavalos

Diante das necessidades, em 1894 foi encomendado um barco maior na Alemanha pela Companhia de Navegação Gustav Ferdinand e montado em Itajaí — mais tarde, o barco foi batizado de Vapor Blumenau — A embarcação riscou o rio entre Blumenau a Itajaí e outros municípios vizinhos, levando e trazendo histórias e riquezas até 1959.

O ano também marca a inauguração do trecho ferroviário e o início do processo de desativação do Vapor Blumenau — na época, não havia mais demanda para a navegação e  a partir de 1954, o escoamento da produção local e o transporte de passageiros passaram a ser feitos pela ferrovia.

Com a desativação, o barco ficou abandonado [semi-submerso] na foz do Ribeirão do Tigre, bairro Itoupava Seca, até ser levado à Prainha em 1961, por iniciativa do Kennel Club de Blumenau.

Anteriormente, em 1959 já existia uma campanha, liderada por Pedro Nogueira da Luz para salvar o barco. Pedro, um irmão de Alfredo da Luz, último piloto que conduziu firme o leme do Vapor Blumenau, entre 1929 e 1956 — familiares do comandante Alfredo contaram que ele chorou em soluços quando soube que o barco seria desativado…

Fontes de informação e pesquisa: angelinawittmann.blogspot.com  adalbertoday.blogspot.com

Recortes da imprensa local e do poder público…

Foto: Julio Pollhein

Ícone da colonização…

Considerado um dos símbolos do apogeu da economia do Vale, o Vapor Blumenau já passou por sete reformas e resistiu bravamente a várias enchentes — atualmente o barco repousa à deriva em ruínas na Prainha, com a vegetação cercando sua estrutura e marcas de desgastes deixadas pela ação do tempo.

Foto: Julio Pollhein

O último restauro significativo aconteceu em 2000, durante as comemorações do aniversário de 150 anos de Blumenau.

Foto: Julio Pollhein

O abandono do monumento com seu significado histórico faz também desaparecer aos poucos, parte da sua própria história.

Foto: Julio Pollhein

Mesmo deteriorado e com mais de um século de existência, o Vapor Blumenau é considerado ainda um marco da colonização por conduzir o progresso e o desenvolvimento no Vale.

À espera da revitalização para ganhar sobrevida…

Foto: Julio Pollhein

A reforma no Vapor Blumenau para voltar a receber visitantes está incluído no projeto de revitalização da Prainha — a recuperação do barco abrange pintura e troca da estrutura corroída…

Foto: Julio Pollhein

De acordo com o projeto de reforma do Vapor, o acesso ao interior do barco será feito através de uma plataforma — Um espelho d’água construído ao entorno do velho barco pretende simular que a réplica está navegando aos olhos dos visitantes.

Não existe previsão de entrega da obra…

 

Divulgação/projetoA revitalização da Prainha está paralisada mais uma vez, por conta de modificações no projeto, devido a prejuízos causados por alagamentos na parte baixa da obra, causadas pelo Rio Itajaí-Açu, durante as chuvas fortes.

Foto: Julio Pollhein

Em agosto, a prefeitura decidiu rever o projeto e elevar a um metro o nível mais baixo da obra, local de construção de um píer para embarcações, arquibancadas e um deque — a alteração pretende diminuir as ocorrências de inundações.

Foto: Julio Pollhein

Em 2021, a Secretaria de Obras que desenvolve o projeto, responsabilizou a alta nos preços dos materiais de construção pela lentidão e atraso no cronograma dos serviços.

Divulgação

A obra de revitalização iniciou em 2020 e logo parou com uma briga judicial entre a prefeitura e as empresas: Stein e Obramaster — na época a comissão de licitação havia inabilitado a proposta técnica da Obramaster por não atender às exigências do edital.

Divulgação/projeto

O orçamento da reforma já superou R$ 5,9 milhões — recursos disponibilizados pelo Ministério do Turismo. As novas mudanças na reforma da Prainha também devem alterar o valor final da obra.

Opção de convívio social

A revitalização geral pretende devolver à comunidade um espaço com possibilidades de lazer e descaso…

Foto: Julio Pollhein

Em razão disso, o projeto inclui reforma da concha acústica, arquibancada, mirante, playground, píer com estrutura flutuante para esportes náuticos e espelho d’água sob o Vapor Blumenau. O local ganhará ainda, pista de caminhada, estacionamento e praça de alimentação.

Foto: Julio Pollhein

Fonte de pesquisa e informação: Jornal de Santa Catarina/Diário Catarinense e Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Blumenau.

Foto: Julio Pollhein