Por Claus Jensen | Fotos: Marlise Cardoso Jensen
Qual a imagem que vem à mente quando falamos o nome “Rio Itajaí Açú”? Boa parte dos moradores do Vale lembram das enchentes, outros das paisagens. Na semana passada foi apresentado um potencial de oportunidades através do evento Blumenau a Bordo que acontece em novembro. Clique aqui para saber mais detalhes.
Um projeto para aproveitamento do rio, foi apresentado e desenvolvido pela Wit Arquitetos (no final da postagem). Ele mostrou a viabilidade da navegação fluvial nos 60km entre Blumenau e Itajaí. Segundo o estudo, a navegabilidade do rio Itajaí-Açú é variável, com baixo calado em função da presença de pedras em 3 pontos específicos. Para aprimorar a navegabilidade nestes locais, foram apresentadas duas propostas. Uma seria sinalizar e balizar, mas exige constante manutenção. A outra seria implodir essas pedras, mas isso causaria um impacto ambiental.
Um roteiro turístico pelo Rio Itajaí-Açú, incluiria o Porto Antigo de Blumenau, no Centro Histórico; um local próximo da ponte Irineu Bornhausen onde está o Campus II (IPT) da FURB e antigamente funcionava Cia de Navegação Richard Paul. Outro ponto turístico seria na Ponte do Salto onde teria um restaurante e choperia. Também seria construída uma marina privada próximo da penitenciária industrial (Ponta Aguda) e um trapiche nos fundos do Museu Fritz Müller.
Em Ilhota, outra marina privada seria construída na margem que dá acesso ao restaurante do Tio Duda. Outro ponto de parada para as embarcações seria atrás do posto de combustíveis e com acesso à balsa existente.
A proposta de aproveitamento do rio Itajaí Açú ficou mais forte com o Plano Plurianual Municipal de Turismo. Mané Ferrari é presidente da ACAT (Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura) e disse que já tem algo programado para o ano seguinte, que deve ser uma nova versão do Blumenau a Bordo. “Esse será o pontapé inicial para voltar Blumenau novamente ao rio e onde ele possa ter atividades que vão desde um caiaque, stand up, até uma lancha, mostrando que é para todos navegarem. Queremos mostrar que é possível ter essas embarcações, e volta a cultura que há tempos atrás existia. Tínhamos a corrida de motonáutica nos anos 70 e 80, os passeios pelo Itajaí Açú”, completa Ferrari.
Para o Prefeito interino Marco Antônio Wanrowski, esse encontro náutico com o objetivo de estimular o uso do rio em forma de lazer e turismo, é fundamental para o portfólio de eventos em nossa cidade. “Blumenau tem vários segmentos em que já foi forte em termos de eventos, como o turismo de compras, a Oktoberfest e hoje já somos uma das principais rotas da cerveja. O rio é muito bonito e tem que ser aproveitado. Por isso há todo um projeto voltado ao estímulo na sua ocupação, inclusive na reurbanização da margem esquerda, que já está com a contenção concluída. Agora só falta a liberação dos recursos para a segunda parte que é a revitalização com as ciclovias, pistas de caminhadas e terminar a prainha. Esse projeto vem a calhar com esse novo momento que vivemos em relação ao Rio Itajaí Açú para lazer e entretenimento, além de ser um estímulo para os turistas nos visitar” finaliza Wanrowski.
Roberto Kofke, é representante da Associação Náutica Catarinense para o Brasil (Acatmar), presente em cada cidade onde há atividade náutica. “Participei da formatação do plano municipal de turismo, principalmente nos projetos voltados à área náutica, onde incluí o roteiro e uma marina” lembra Kofke. Ele é um dos idealizadores do projeto que busca seu uso para o turismo.
A expectativa para novembro com o Blumenau a Bordo, é mostrar ao público a viabilidade na utilização do rio, principalmente na parte ambiental. “Não é trazendo um barco que você irá causar um impacto, pelo contrário, irá trazer mais gente que pode proteger a natureza. Será uma oportunidade a mais para quem não conhece um barco ou stand up paddle”, finaliza.
Para empresários como Luiz Henrique Schadrack, sócio da Monegasco Náutica, empresa de compartilhamento de embarcações de luxo, esta é uma ótima oportunidade. “O barco é uma paixão que tenho desde criança”. Somos representante da Schaefer Yachts, maior e mais moderno estaleiro de embarcações de esporte e lazer do Brasil. A Monegasco disponibiliza a aquisição de cada embarcação em cotas, e administra o uso com competência e profissionalismo. Cuidamos de tudo, desde as vagas nas Marinas, limpeza, acompanhamento de revisões, manutenções, etc. Os clientes só precisam fazer a reserva pelo site e comparecer para navegar” ressalta.
A Monegasco pretende trazer esse serviço para fomentar essa relação náutica com o rio. “O caminho daqui para Itajaí é maravilhoso. Imagine a possibilidade de um cliente chegar numa quarta-feira à tarde, tendo disponibilidade de tempo, colocar o barco na água para navegar e passear. Ou num sábado por exemplo, ir até a Itajaí ou Balneário Camboriú, onde há restaurantes muito bons. Você pode sair daqui, almoçar, passear e voltar. Queremos criar diversos atrativos no rio daqui até Itajaí, inclusive com a participação dos Empresários de Ilhota, para que haja locais de parada nas lojas ou cafés, e ter mais opções de lazer. Às vezes o mar não está bom para navegar, mas o rio é um tapete. Poucas vezes, durante o ano, o rio não é navegável por causa de correnteza, mas dá para fazer muita coisa” comenta Schadrack.
Luiz lembra que na década de 70, havia muitas provas náuticas, inclusive seus tios competiam nelas. “Os blumenauenses tinham uma relação muito boa com o rio. Entre a primeira grande enchente de 1911 até 83, foram 72 anos sem acontecer nada grandioso. Não sei se é viável, mas uma pequena comporta na foz do ribeirão Garcia, também permitiria a navegação. Recentemente, numa das pequenas cheias do rio, integrantes de um grupo de Jet Ski fizeram este percurso, até a Artex, sem problemas. Caso chova muito, é só abrir e deixar a água passar. Nós teríamos mais um atrativo nesse ribeirão que é lindo também. Existe muito potencial para ser aproveitado. O rio tem que ser olhado com carinho” conclui o empresário.
O Secretário de Turismo, Ricardo Stodieck, comentou que a proposta de usar melhor o rio, existe desde 2013. “Fomos maturando um conceito de linha pública e roteiro. No ano passado o assunto tomou mais corpo com o plano municipal de turismo, que foi aprovado e virou lei. São desdobramentos da vontade da administração em relação ao PMT. Entre uma dessas ações, queremos criar eventos para aproximar as pessoas. Então Blumenau a Bordo vai ter disponibilidade de teste para barcos, jet sky e várias outras atividades náuticas e de lazer. Nós poderemos mostrar toda essa diversidade de projetos que nós queremos para o rio. Pense como um evento de conscientização e lazer”, lembra Stodieck.
Stodieck disse que “Blumenau a Bordo” é embrionário. “Pensamos até em uma feira náutica nos pavilhões da Vila Germânica no futuro. Blumenau sabe organizar e abrigar grandes eventos”, comentou. “Na infraestrutura, vou citar o exemplo do museu Fritz Müller, onde tem que colocar um trapiche pequeno, para quem estiver de barco poder atracar e visitar o local. Perto da ponte Santa Catarina, onde tinha a Cia de Navegação Richard Paul, no final da estrada de Ferro, era uma área de porto. Alí também tem que ter uma estrutura para as pessoas atracarem com seu barco, poderem encostar com segurança e fazerem visitações com segurança”, finaliza.