Três depoimentos de quem perdeu familiares em desastres naturais

 

Na manhã desta segunda-feira (31/7/17), foi inaugurado um memorial em homenagem às vítimas de catástrofes naturais em Blumenau. O evento aconteceu na praça Victor Konder, em frente da prefeitura e encerrou oficialmente a programação do Julho Laranja – mês de Prevenção a Desastres. Entre as autoridades presentes, estavam o prefeito Napoleão Bernardes; o presidente da Câmara Municipal, vereador Marcos da Rosa, o secretário de Defesa do Cidadão, Rodrigo Quadros; comandante do 23º Batalhão de Infantaria, coronel Fernando Cesar Costa de Almeida.

No evento estavam presentes familiares das vítimas fatais dos vários deslizamentos que aconteceram na cidade. Três delas receberam flores e tem histórias marcantes em duas tragédias que você poderá ler ou ver o vídeo que está no final e ela mesmo narram os momentos tristes que viveram. No final, o Secretário de Defesa do Cidadão, Rodrigo Quadros fala sobre a importância do monumento (31).

 

Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]

Glória Dinorá de Souza, é uma das sobreviventes do deslizamento que aconteceu em outubro de 1990 na Rua Belo Horizonte, bairro Glória. A mãe dela de 75 anos que morava numa casa ao lado da sua e a irmã de 34 morreram soterradas. Segundo o relato, na hora da ocorrência, era por volta das 4h e quando acordou com um estrondo, uma parte da casa tinha ido embora. Ela saiu do local para sobreviver e foi encontrada somente 2h depois. A casa da mãe foi levada junto com o poste da via e outras 10 residências.

 

Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]

Outra vítima com uma triste história foi Alda Torres, que morava na Rua Botuverá, bairro Itoupavazinha, e perdeu sua filha de 23 anos e o filho de 21. Uma semana antes, sua intuição avisava que algo de ruim poderia acontecer, por isso deixou seus dois filhos mais novos na casa da sogra. Na noite que aconteceu, Alda estava trabalhando no Parque Vila Germânica. A irmã dela trabalhava no Hospital Santo Antônio e ligou para o celular de Alda, que estava sem bateria. Então ligou para um amigo que estava próximo da irmã, que disse ter caído um muro na sua casa e os filhos estavam presos. Alda demorou para chegar ao lugar que morava e inicialmente não reconheceu o local que tinha deslizado, parecia anestesiada com a situação. Até que vizinhos disseram o que aconteceu e que estavam procurando os corpos dos filhos.

Depois disso não lembra mais nada, somente depois quando acordou na ambulância. O corpo do filho foi achado logo, mas da filha, somente uma semana depois, porque estava soterrada com muita terra, pedaços de troncos de árvores e pedras. Junto com os filhos de Alda estavam mais três meninas e o pai delas, duas morreram e a outra sobreviveu. Foi ela quem contou à irmã de Alda o que aconteceu quando foi atendida no hospital.

 

Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]

No dia 23 de novembro de 2008, o marido de Claudete de Fátima Cypriano, foi arrastado pelas águas na Rua Schreiber, no bairro Progresso. O corpo foi encontrado na manhã seguinte e ele ficou enterrado no quintal da casa deles durante três dias. Tudo aconteceu quando uma árvore no Ribeirão Garcia estava presa nas águas e ameaçando ir de encontro à casa deles. Ele subiu um barranco para tentar fazer com que seguisse o curso do ribeirão, mas o barranco acabou cedendo, quando ele foi levado pelas águas por 3 quilômetros.

 

 

Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]
Foto: Eraldo Schnaider [PMB]
Foto: Eraldo Schnaider [PMB]
Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]
Foto: Eraldo Schnaider [PMB]
Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]
Foto: Eraldo Schnaider [PMB]