O mestrando Enilso Jablonski, do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da FURB, defendeu nesta segunda-feira (10-11), às 13 horas, na sala S 214 do Campus I, a dissertação intitulada Frações e Música: ligações históricas e atividades didáticas, orientada pela Profa. Dra. Tânia Baier.
O autor defende a ideia de que Matemática e música se vinculam desde a Antiguidade. No chamado experimento do monocórdio, atribui-se a Pitágoras o estabelecimento da correspondência entre intervalos musicais e razões de uma corda. O experimento de Pitágoras mostra como uma ordem matemática está presente no espaço físico e apresenta tal ordem como origem e fundamento da harmonia, lançando luzes sobre um grande número de discussões a respeito de teoria musical tendo razões matemáticas como fundamento, tanto na Grécia como posteriormente aos tempos helenísticos.
Visão ocidental
Essa característica conformou uma concepção de música ocidental de natureza cosmológico-matemático-especulativa, fundamentada na aritmética pitagórica e focalizada principalmente em uma atividade racional de especulação; que desencadeou uma forte tradição baseada no pitagorismo até o Renascimento, quando uma visão matemático-empírica predominou. Nesse contexto, princípios físicos passam a fundamentar fenômenos acústico-musicais.
Presença da geometria
A passagem do final do século XV para o início do século XVI testemunhou ainda o aparecimento da geometria como instrumento para resolução de problemas em música teórica e de forma não independente, mudanças na concepção de razão/número. Neste período, surgem teóricos envolvidos com questões musicais, que resgatando fontes gregas, possibilitaram o acesso a importantes frutos do reavivamento do interesse por textos antigos, contexto este em que se explicita a geometria euclidiana na resolução de problemas em música teórica. Dentre os problemas tratados, propõem-se divisões iguais do intervalo de tom inteiro, que pressupõem transformações nas concepções de razão, em particular, na direção de promover a emergência da ideia de número real em contextos teórico-musicais.
via FURB | Texto: Aristheu Formiga | Imagem: Mateusz Stachowski