Temporada de 2024 registra aumento significativo de baleias-francas no sul do Brasil

Monitoramento aéreo registrou 216 animais nos litorais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Foto: Carolina Bezamat

Sobrevoos realizados na terça e quarta-feira (16 e 17/09/24) registraram a presença de 216 baleias-francas, entre elas 214 mães com filhotes e dois adultos solitários. O monitoramento aéreo cobriu uma extensa área entre Cidreira, no litoral gaúcho, e Florianópolis, em Santa Catarina, destacando o aumento significativo desses cetáceos durante a temporada reprodutiva de 2024.

Os dados apontam para uma concentração expressiva das baleias na região de Imbituba (SC), onde 46 foram registradas entre as praias da Ribanceira e Ibiraquera, além de outras 36 nas áreas próximas à Praia da Vila e Itapirubá. Já em Florianópolis, a Praia do Moçambique liderou com 26 avistamentos. No Rio Grande do Sul, o maior número foi observado em Imbé, com oito indivíduos.

A expedição foi organizada pelo Programa de Monitoramento das Baleias-francas, da SCPAR Porto de Imbituba (SC), em parceria com o Projeto Franca Austral, do Instituto Australis, com patrocínio da Petrobras. O objetivo é entender melhor o comportamento e a evolução populacional dessa espécie ameaçada de extinção.

Eduardo Renault, gerente de pesquisa do ProFRANCA, destacou a importância do monitoramento aéreo para estimar parâmetros demográficos das baleias-francas. “Os sobrevoos com grande número de baleias aumentam a probabilidade de identificarmos indivíduos já conhecidos, contribuindo para cálculos precisos de crescimento populacional e tamanho da população”, explicou.

A operação contou com dois observadores e um fotógrafo, que realizaram o censo e registraram a localização dos cetáceos, além de capturar imagens utilizadas para identificar as baleias adultas, reconhecidas pelas calosidades em suas cabeças, que funcionam como impressões digitais, detalhou Karina Groch, diretora do ProFRANCA. Ela destacou a importância das fotografias para monitorar a presença de baleias já catalogadas.

Já Mariana Favero Silvano, bióloga e coordenadora técnica do Programa de Monitoramento de Cetáceos do Porto de Imbituba, ressaltou que o número de baleias vistas em 2024 é surpreendente. “Essa temporada reprodutiva tem surpreendido muito, com um aumento expressivo nas avistagens, o que reflete uma recuperação populacional positiva dessa espécie que foi caçada por séculos em nosso litoral”, afirmou.

O monitoramento das baleias-francas remonta ao final dos anos 1980, sendo que o maior número de avistamentos ocorreu em 2018, com 273 indivíduos. Em 2023, foram contabilizadas 225 baleias. Urbano Lopes de Sousa Netto, diretor-presidente da SCPAR Porto de Imbituba, celebrou os resultados da temporada: “a Expedição Baleia-Franca trouxe resultados excelentes para todos que trabalham pela conservação da espécie”.

Além dos sobrevoos, o ProFRANCA realiza observações sistemáticas em 15 pontos fixos na Área de Proteção Ambiental da Baleia-Franca, na região do Porto de Imbituba. Esse trabalho permite acompanhar o comportamento, a distribuição e a sazonalidade dos cetáceos. O monitoramento terrestre ocorre entre julho e novembro, quando a presença das baleias na costa é mais intensa.

O Programa de Monitoramento das Baleias-Francas integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba e segue duas metodologias: aérea e terrestre, com a última sendo executada pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.

As informações obtidas ao longo da temporada também são essenciais para o Porto de Imbituba, que utiliza esses dados para estabelecer medidas de proteção à espécie, enquanto mantém suas operações portuárias em funcionamento. “Os dados coletados garantem que as atividades do porto ocorram em harmonia com a preservação das baleias”, afirmou Camila Amorim, oceanógrafa da SCPAR Porto de Imbituba.

A baleia-franca ainda é considerada uma espécie ameaçada no Brasil, com uma população estimada em cerca de 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. A continuidade desse monitoramento de longo prazo é essencial para garantir que a espécie continue a se recuperar no litoral sul do Brasil.

O Projeto Franca Austral, coordenado pelo Instituto Australis, conta com o apoio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Mais informações podem ser encontradas no site oficial www.baleiafranca.org.br ou nas redes sociais do Instituto Australis (@institutoaustralis).