Dois técnicos norte-americanos realizam análise no radar meteorológico de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, desde terça-feira, 21. Um dos profissionais é responsável pelo fabricante do radar e outro pela fabricação da fonte de alimentação, utilizada no equipamento. Eles analisam toda a estrutura, como instalação elétrica, gerador, no-breaks e ambiente de instalação. O objetivo é detectar o que tem ocasionado a problemática no radar catarinense.
Após toda avaliação, os profissionais vão emitir um laudo com as possíveis causas das panes detectadas, desde a instalação do radar meteorológico. Mesmo sem concluir os trabalhos, os norte-americanos solicitaram alterações no aterramento, visando maior segurança e eficiência no funcionamento do radar para que atendesse as normas utilizadas nos Estados Unidos e que no Brasil são de características diferenciadas. Prontamente, a Secretaria da Defesa Civil realizou as adequações solicitadas.
O sistema de proteção contra descargas atmosféricas inicialmente instalado e dimensionado estava de acordo com as normas brasileiras. Porém, tendo em vista a solicitação da fabricante para adaptação ao modelo norte-americano, todas as solicitações foram atendidas. Ressalta-se que o projeto executado inicialmente foi aprovado pelo fabricante do radar.
Após essa fase, os técnicos passam a testar todas as outras possibilidades que possam estar ocasionando as falhas nos componentes elétricos e eletrônicos, cuja finalização está prevista para a próxima sexta-feira, dia 23. Caso sejam necessárias novas readequações, a Secretaria de Estado da Defesa Civil promoverá as mudanças durante a próxima semana.
Durante a readequação, o radar poderá ser colocado em testes para análise do ambiente de instalação, mas ainda sem a geração de imagens, pois posteriormente será realizada a calibração e a realização da segunda etapa da operação assistida (com acompanhamento dos técnicos da fabricante). Somente depois de concluídas todas as etapas e do aceite final do equipamento, é que serão disponibilizados todos produtos oriundos do equipamento, inclusive as imagens em tempo real.
O radar
A aproximadamente 900 metros de altitude, o radar meteorológico reforça o sistema de monitoramento de eventos climáticos em Santa Catarina. Ele faz parte de um conjunto de obras que o Governo do Estado está executando na região do Vale do Itajaí, na área da Defesa Civil, para a prevenção e proteção das famílias mais suscetíveis às consequências de fenômenos naturais, como as cheias.
A posição do radar é estratégica porque além de oferecer cobertura em 70% da área do Estado, a proximidade com o Litoral de Santa Catarina faz com que o aparelho consiga prever além dos fenômenos tradicionais – como frentes frias, granizo, neve, tempestades e ventos -, as lestadas, que são indicativas de grandes volumes de chuvas. A frequência emitida pela torre consegue atingir um raio de 480 quilômetros de extensão em 360 graus.
“A topografia do local é tão adequada que, para qualquer um dos lados, o sinal consegue captar informações sem interferências o que é fundamental para garantir a precisão dos dados”, completa o técnico Ubirajara Dias, representante, no Brasil, da Enterprise Eletronic Corporation (EEC), empresa americana responsável pela fabricação e instalação do radar em Lontras.
Ele e outros dois engenheiros americanos, Jim Helvin e Richard Rioux, estão na cidade de Lontras, executando uma vistoria completa no sistema de operação do equipamento. A equipe chegou essa semana ao Estado e trabalha na central de controles com a missão de fazer as correções necessárias para que o radar volte a operar o quanto antes. Ainda não se sabe quando o equipamento voltará a funcionar.
Segundo Helvin, a empresa do Alabama, nos Estados Unidos, é uma das maiores fabricantes de radares do mundo, com equipamentos, semelhantes ao de Santa Catarina, instalados em diversos países. O engenheiro, que também é o chefe da equipe que instala e faz a manutenção dos equipamentos, afirma que veio pessoalmente ao Estado para resolver o problema.
“Somos rigorosos com a qualidade dos nossos sistemas e estamos cuidando do caso com toda a prioridade. Nosso trabalho é fazer um diagnóstico completo para corrigir o que for necessário e garantir a confiabilidade do equipamento”, explica.
O secretário de Estado da Defesa Civil, Milton Hobus, salienta que apesar de o radar de Lontras estar desligado, são utilizados pela Defesa Civil de Santa Catarina modelos matemáticos, imagens de satélite, estações hidrometeorológicas, entre outros equipamentos. “Os trabalhos de emissão dos avisos continuam sendo executados e serão intensificados, em velocidade e precisão, após a operação do radar de Lontras ser normalizada”, completa.
Entenda o problema
O radar meteorológico foi instalado em Lontras em 2014 e estava na fase de operação assistida. No dia 19 de janeiro, foi constatado um problema na fonte de alimentação de alta tensão do equipamento. Necessária para o funcionamento do radar, esta fonte consiste em um complexo circuito de conversão de potência, que transforma um potencial de tensão mais baixo para um potencial de tensão mais alto.
Para trocar a peça, uma nova fonte foi encomendada da fabricante, que não tinha o item em estoque. Após fabricação e envio, a nova peça foi instalada em junho, mas o radar voltou a apresentar inconsistências.
Fonte: SECOM/SC