Por * Susane Bohmann | Médica Veterinária
Miíase, mais conhecida como bicheira e berne tem sido frequentes nos atendimentos veterinários nos últimos dias. Ambas as larvas são muito parecidas, possuem o formato semelhante porém, o berne é maior.
A mosca Dermatobia hominis transmite o berne e a mosca Cochliomyia hominivorax a miíase. São problemas muitos comuns no verão, pois o aumento da temperatura e da umidade induzem a proliferação de moscas.
Qual a diferença entre berne e miíase?
A mosca transmissora do berne deposita seus ovos sobre outros insetos, como a mosca doméstica, diretamente na pele íntegra ou sobre plantas. Quando os ovos eclodem, as larvas penetram na pele alimentando-se de tecido vivo sem adentrar a musculatura. Cada larva possui seu orifício.
No caso da miíase a mosca deposita muitos ovos diretamente em feridas abertas. As larvas eclodem e se instalam na ferida, alimentam-se de tecido vivo e, sem tratamento, vão até os ossos. Em um único orifício pode aver muitas larvas.
Como evitar:
A melhor forma de evitar as moscas é através da higienização do ambiente em que os animais vivem, principalmente o local onde urinam e defecam. Não deixar restos de comida disponível para o animal por longos períodos, banhar os animais sempre que necessário, estar sempre atento a pele, pelo e ao aparecimento de possíveis lesões.
A utilização de repelentes, coleiras específicas e produtos específicos para higienização do ambiente são medidas que completam a ação. Vale ressaltar que as moscas podem depositar seus ovos também em humanos.
Tratamento:
O tratamento consiste na retirada das larvas e no cuidado das feridas. Há medicações orais e injetáveis que auxiliam no tratamento, matando as larvas difíceis de retirar e as que não são visualizadas.
É de extrema importância que este tratamento tenha o acompanhamento de um médico veterinário, pois o berne, se não retirado inteiro ou se ele se partir, causa inflamação e infecção, complicando a resolução do tratamento e fazendo o animal passar por quadro de dor desnecessária.
Quando o animal tem miíase, além de ser um processo muito doloroso, as larvas acometem estruturas mais profundas como musculatura, tendões, vasos sanguíneos e na retirada das larvas, elas podem ser confundidas com alguma estrutura interna, machucando o animal.
Dependendo do grau de acometimento dos tecidos, há necessidade de sedação e analgesia para a realização do processo.
Fique atento ao comportamento do seu animal. Se ele estiver com lambedura excessiva em alguma área do corpo, com secreção e mau cheiro, pode ser indício de infestação. Alguns animais também deixam de se alimentar e apresentam comportamento irritadiço.
* Susane Bohmann (CRMV – SC 7779) é médica veterinária formada no Instituto Federal Catarinense (campus Araquari) e Pós-Graduanda em Oftalmologia Veterinária pela ANCLIVEPA (SP). Tem seu consultório veterinário anexo ao Pet Shop Mr. Pet’s, na Rua Gustavo Zimmermann, bairro Itoupava Central.