A taxa básica de juros da economia, a SELIC, deve subir mais uma vez em março, com um ajuste de um ponto percentual. A projeção foi reforçada pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), divulgada nesta terça-feira (4/02/25). Segundo o documento, a inflação segue pressionada, especialmente pelo aumento dos preços dos alimentos, o que deve manter o índice acima da meta pelos próximos seis meses.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, informou o COPOM.
Na semana passada, o comitê elevou a SELIC para 13,25% ao ano, justificando a decisão como parte da estratégia para trazer a inflação para dentro do limite estabelecido. O documento aponta que o encarecimento dos alimentos tem sido impulsionado pela estiagem do último ano e pela alta no preço das carnes, impactada pelo ciclo do boi.
Outro fator que pressiona os preços é a valorização do dólar, que afeta bens industrializados, elevando custos e margens de lucro. O Copom alerta que essa dinâmica tende a se refletir na inflação de médio prazo.
Mercado de trabalho aquecido desafia controle da inflação
O comitê também destacou que o mercado de trabalho continua aquecido, acompanhando um crescimento constante no consumo das famílias e na concessão de crédito. Esse cenário contraria a expectativa de uma desaceleração econômica, que ajudaria a reduzir a inflação.
A ata ressalta que, mantido o atual comportamento da economia, a inflação acumulada em 12 meses deve ultrapassar o limite superior da meta por mais seis meses consecutivos. Caso esse quadro se confirme até junho, o Banco Central considerará que houve descumprimento da meta, conforme as regras do regime de metas de inflação. O objetivo é manter o índice em 3% ao ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Além disso, o COPOM segue atento a políticas fiscais expansionistas, ao crescimento do crédito e ao pleno emprego como fatores que sustentam a demanda e pressionam os preços.
“Como o mercado de trabalho segue aquecido, é difícil avaliar em que medida uma eventual desaceleração refletiria enfraquecimento da demanda ou pressões de oferta, portanto, com impactos diferentes sobre a inflação”, diz o comitê.
Cenário externo também traz desafios
No cenário internacional, o COPOM avalia que o ambiente segue desafiador, principalmente devido à conjuntura econômica dos Estados Unidos. A expectativa do comitê é de uma desaceleração gradual da economia norte-americana, mas incertezas na política econômica do país, como a imposição de novas tarifas de importação, estímulos fiscais e mudanças na matriz energética, podem impactar negativamente economias emergentes.
O Copom também segue monitorando o câmbio, que tem reagido às notícias sobre a política fiscal no Brasil, às decisões econômicas dos Estados Unidos e à diferença entre os juros domésticos e internacionais. Caso determinadas políticas sejam implementadas nos EUA, o Banco Central alerta que isso pode pressionar os preços de ativos no Brasil e afetar os fluxos de capital.
Diante desse quadro, o COPOM reforça que seguirá monitorando a economia e a política monetária, mantendo a estratégia de conter a inflação e garantir a estabilidade financeira.
Fonte: Agência Brasil