Por Jaque Bassetto
Em missão internacional, uma equipe técnica da Companhia de Gás de Santa Catarina, a SCGÁS, percorreu mais de 4 mil quilômetros desde o dia 17 de maio para conhecer modais de distribuição de gás natural de Portugal e os sistemas mais modernos do mercado.
Com extensões territoriais semelhantes, Portugal consome sete vezes mais gás natural por dia do que Santa Catarina e utiliza como principal forma de transporte do insumo o GNL (Gás Natural Liquefeito), que ocupa um espaço 600 vezes menor do que o gás natural no estado gasoso.
O presidente da SCGÁS, Cósme Polêse, participou da missão e destacou a importância da troca de informações e de conhecimento para a adoção de novas alternativas em Santa Catarina. “O gás natural ainda é pouco explorado no Brasil. Nos países onde a conscientização da importância do desenvolvimento sustentável é maior, o gás natural é o principal energético, tanto para as indústrias quanto para o consumo residencial e veicular. Há empresas na Europa, como o Mc Donald’s, que só utilizam GNV (Gás Natural Veicular) nos seus caminhões, ratificando seu compromisso com o meio ambiente”, exemplifica Polêse. O presidente também conta que há diversos modelos de carros fabricados na Europa que saem de fábrica adaptado para GNV.
O gás natural é o combustível fóssil mais limpo que existe e, de acordo com especialistas, o consumo do energético deve crescer 44% até 2035 em todo o mundo. Para o presidente da SCGÁS, o desequilíbrio entre a quantidade de gás natural consumida no Brasil e em países mais desenvolvidos esbarra na falta de recursos para investimentos em rede de distribuição.
“Nos países mais desenvolvidos, o consumo do gás natural é estimulado pelo Governo para frear a poluição ambiental. No Brasil tanto a sustentabilidade quando o gás natural são temas recentes, pouco explorados, mas que estão ganhando força. Certamente, nos próximos anos haverá uma revolução no sistema energético brasileiro conduzida pelo gás natural e seu potencial econômico e sustentável”, acrescenta Polêse.
Uma das opções para essa transformação no sistema de energia brasileiro pode ser a construção de um terminal de liquefação de gás natural ou mesmo a importação do gás no estado líquido. “O GNL pode ser uma opção, como vimos em Portugal, porque agiliza e otimiza o transporte do gás natural a regiões onde ainda não há tubulação”, avalia o coordenador de suporte técnico da SCGÁS, Willian Lehmkuhl.
Liquefação do gás natural em Santa Catarina
Em Santa Catarina, a SCGÁS estuda a viabilidade de uma unidade de liquefação de gás natural para otimizar o transporte a regiões onde a rede de distribuição ainda não existe, como na Serra. Hoje, o GNC (Gás Natural Comprimido) é transportado até os locais onde não há rede de tubulação. Porém, o gás na forma líquida ocupa muito menos espaço do que o comprimido e permite a utilização de tanques mais leves do que os cilindros usados atualmente, isso otimiza muito o transporte do gás natural.
O estudo em curso na SCGÁS prevê que o gás natural seja retirado da tubulação em Rio do Sul, onde será refrigerado a 162ºC negativos, temperatura necessária para transformar o gás natural do estado gasoso para o líquido. De lá, o GNL segue até Lages, onde será regaseificado e inserido em uma rede isolada ou estruturante, para distribuição aos pontos de consumo – postos de combustível e indústrias.