Santa Catarina se prepara para a safra da tainha 2025 com boa expectativa

Pescadores já organizam redes e embarcações enquanto o Estado busca derrubar no STF a cota federal que limita a pesca artesanal.

Foto: Guilherme Bento [SECOM/SC]

Conhecida pelo sabor marcante e alto valor nutricional, a tainha é um dos peixes mais consumidos durante o inverno no Sul do Brasil — e protagonista de uma das maiores tradições do litoral catarinense. De escamas prateadas, a espécie se destaca pelo porte médio, podendo pesar até 4 quilos, e pela carne rica em ômega-3, proteínas e minerais. A cada ano, sua migração em direção ao litoral desperta uma mobilização que envolve pescadores, comunidades e apreciadores da boa gastronomia.

Assada na brasa, recheada com farofa ou preparada no forno com legumes, a tainha marca presença à mesa de muitas famílias durante os meses mais frios. A ova, considerada uma iguaria, também ganha destaque em receitas tradicionais. Por isso, a abertura da safra é tão aguardada: além do valor econômico, o peixe carrega um forte apelo cultural e afetivo, sendo sinônimo de fartura e confraternização.

Foto: Guilherme Bento [SECOM/SC]
No entanto, para quem vive da pesca, a tainha representa muito mais do que um prato típico. Ela é fonte de renda e subsistência para milhares de famílias no litoral catarinense. Com a aproximação da safra 2025, prevista para iniciar em maio, pescadores já estão nos ranchos preparando redes, embarcações e renovando as esperanças por uma temporada produtiva. As condições climáticas, como temperatura da água e ventos do sul — essenciais para a aproximação dos cardumes — estão sendo acompanhadas de perto por técnicos da Epagri e pelas comunidades pesqueiras.

“A expectativa é positiva. Já foram observados cardumes em diversos pontos do litoral, o que sinaliza uma boa safra. Além disso, seguimos com apoio do governo estadual, que tem garantido incentivos como o desconto no óleo diesel para embarcações artesanais”, afirma Tiago Bolan Frigo, secretário de Estado da Aquicultura e Pesca.

Foto: Guilherme Bento [SECOM/SC]
Ao mesmo tempo, o governo de Santa Catarina atua judicialmente para tentar reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão que limita a pesca artesanal de tainha exclusivamente no estado. A cota federal é contestada pela Procuradoria-Geral do Estado, que considera a medida discriminatória, já que não afeta pescadores de outros estados. O processo segue sob análise do ministro Gilmar Mendes.

“O governador Jorginho Mello determinou que a PGE entrasse com a ação, porque essa limitação afeta diretamente os pescadores artesanais catarinenses e ameaça uma tradição cultural reconhecida em lei”, reforça o secretário.

A pesca da tainha é considerada Patrimônio Cultural de Santa Catarina desde 2019, e envolve práticas transmitidas entre gerações, como o famoso “lanço” com canoas de praia. Além disso, o estado também atua com outras modalidades permitidas, como cerco/traineira e emalhe anilhado.

Na Praia Brava, por exemplo, mais de 20 pescadores já se revezam no preparo das redes. “Estamos ajeitando tudo porque semana que vem já começa a safra. Esperamos que seja tão boa quanto a do ano passado”, contou o pescador Nildo Vilmar dos Santos.

A temporada 2025 segue regras específicas para cada tipo de pesca:

  • Arrasto de praia: de 1º de maio a 31 de dezembro
  • Emalhe anilhado: de 15 de maio a 31 de julho
  • Emalhe de superfície (até 10AB): de 15 de maio a 15 de outubro
  • Emalhe de superfície (acima de 10AB): de 15 de maio a 31 de julho
  • Cerco/traineira: de 1º de junho a 31 de julho

Com o mar como aliado, suporte técnico, tradição preservada e luta jurídica em andamento, a safra da tainha 2025 deve mais uma vez reforçar a importância desse peixe que alimenta histórias, famílias e comunidades inteiras no litoral catarinense.