Saiba o que significa o Dia Internacional da Mulher para essas mulheres de destaque

O site OBlumenauense tem uma razão a mais para achar hoje, 8 de março de 2016, Dia Internacional da Mulher, uma data especial. Nosso público (baseado nos dados do Facebook) é em sua maioria mulheres, representando mais de 60% dos leitores.  Então, aproveito para agradecê-las por nos acompanhar diariamente e parabenizar pela data, símbolo das tantas conquistas ao longo do último século em especial.

Selecionamos seis mulheres, que se destacam em suas áreas. Perguntamos para cada uma sobre o significado do dia, a evolução da mulher na sociedade e suas conquistas nos últimos anos e o que falta mudar. As faixas etárias também são diferentes. Uma delas por exemplo, trabalha como caminhoneira, uma profissão tipicamente masculina, mas ela não perde a feminilidade.

Para a Deputada Estadual Ana Paula Lima (PT), pelas respostas terem sido maiores e seu destaque na política feminina, dedicamos uma matéria.  Agradeço a atenção de cada uma em nos presentear com suas respostas.

 

 

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Foto: Leo Laps

Noemi Kellermann, Diretora Artística Pedagógica da Escola de Música do Teatro Carlos Gomes e professora universitária na FURB Universidade Regional de Blumenau

O que significa esse dia da mulher para você? Ter um dia separado e destacado para homenagear a mulher, deveria apenas significar um dia com mais reflexão sobre o sentido da Vida, quanto a Ser Mulher, e o papel do Feminino em qualquer contexto.

Qual é a diferença entre ser mulher em 2016 e há 20 anos atrás? Acredito que em sua profunda essência, ser mulher há vinte anos atrás não é tão diferente do que ser em 2016. Porém há sim diferenças quanto a liberdade e as possibilidades de luta e empoderamento, embora isso não aconteça em todos os países e culturas. Mesmo nesses lugares, as mulheres ainda que uma minoria, estão alertas e lutam pelos seus direitos e igualdade .

O que ainda precisa mudar? Acredito que as próprias mulheres estarão gerando mudanças importantes e conquistando espaços significativos, na medida que se preparam e fortalecem, alcançando alta auto estima para lutar por si e pelas irmãs, pelo espaço que lhes é de direito.

 

 

Foto: Jadir de Amorim
Foto: Jadir de Amorim

Tatiana Regina Lenzi Alvise (40), presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau. Professora, casada e voluntária desde 2009, dedica seu tempo para ajudar as mulheres de Blumenau.

O que significa o dia da mulher para você? Significa que as lutas para conquistar o direito de igualdade perante a sociedade, na vida social, política, financeira, cultural e profissional ainda continuam. Apesar dos direitos terem sido alcançados através de fortes lutas, falta muito ainda para que a mulher conquiste o seu espaço com reconhecimento e respeito, conforme o que foi preconizado como direitos da mulher.

Qual é a diferença entre ser mulher em 2016 e há 20 anos atrás? Ser mulher há 20 anos atrás, representava ser uma “prisioneira”. Seus direitos eram restritos, com isso, sua evolução humana se tornava limitada. Era considerada sexo frágil para exercer funções corriqueiras tão sonhadas e desejadas.
Cada vez mais a mulher atual tem assumido postos e galgado cargos altos. Mais do que nunca, tem adentrado no mercado de trabalho e assumido diferenciadas situações, além das múltiplas tarefas cotidianas.

O que ainda precisa mudar? É necessário cessar com as discriminações que ainda existem contra a mulher, bem como a desigualdade que ainda perdura entre homens e mulheres. Apesar de ter sido instituída uma lei para defender e proteger as mulheres da violência física e moral, pouco tem sido realizado efetivamente a favor delas.

 

 

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Foto: arquivo pessoal

Juliana Pfau (38), publicitária e Coordenadora do Núcleo Jovem do CDL.

O que significa o dia da mulher para você?  O dia da mulher pra mim significa um momento importante de reflexão sobre direitos, deveres, enfim, o nosso papel na sociedade. Cobramos tanta igualdade e mudanças, mas muitas vezes precisamos nos conscientizar de que a mudança começa por nós. Temos que fazer parte dela.

O que ainda precisa mudar? O que precisa mudar acima de tudo, é o respeito e o reconhecimento da mulher como ser igual em capacidades e habilidades. Temos particularidades e diferenças, mas o mundo seria mais justo com esse equilíbrio, na minha opinião. As diferenças não vêm de hoje, aliás já foram muito piores, mas eu imagino um futuro bem melhor, espero.

 

 

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A gasparense Rosa Maria Richartz (34), é uma das poucas caminhoneiras dentro do segmento, que já trabalha há 12 anos com transporte. Quando a contatamos na terça-feira (7), ela estava parada em um posto de combustíveis em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O caminhão transportava um enorme gerador. 

O que significa o dia da mulher para você?  É uma homenagem para nós mulheres por tantas coisas que estamos fazendo. As mulheres estão ocupadas sendo donas de casa, esposas, mães e ainda trabalhando igual aos homens. Eu tenho um filho de quinze anos e quando comecei a trabalhar na área, ficava de um a dois dias fora. Dez anos da minha vida foram assim. Depois passei para o turismo, onde ficava uma semana viajando e agora já chego a ficar até  cinco meses longe de casa.

Qual é a diferença entre ser mulher em 2016 e há 10 anos atrás?  Quando eu iniciei com caminhão há 12 anos, não haviam muitas mulheres na estrada. Hoje em dia está se tornando normal, tanto que naquela época éramos vistas de forma estranha nos postos de combustíveis. Hoje não mais.  Nós mulheres evoluímos muito, inclusive estamos estudando mais. Eu por exemplo sou formada em processos gerenciais. Nisso tudo não podemos esquecer a família que é a nossa base.

O que ainda precisa mudar? Já mudou. Nós mulheres estamos conquistando e dominando nossos espaços sozinhas.  As empresas também estão valorizando bastante nosso trabalho e sabem que estamos capacitadas para atuar em qualquer área.

 

 

Juliana-Leticia-FurlaniJuliana Letícia Furlani (44), regente dos corais Misto do 25 de Julho, Shalom e Vozes da Maturidade da Asaprev. Também é organista, além de professora de piano e órgão no Teatro Carlos Gomes.

O que significa o dia da mulher para você?  É uma justa homenagem àquelas que desempenham múltiplos papéis (mãe, cuidadora, trabalhadora, esposa, companheira, professora, enfermeira…), mas nem sempre recebem o devido respeito e carinho pelo que fazem.

Qual é a diferença entre ser mulher em 2016 e há 20 anos atrás? A mulher de 20 anos atrás, no geral, ainda não sofria o preconceito de ter a opção de ser mãe e dona de casa em tempo integral. Hoje em dia,  acredita-se que a mulher deva se dedicar também à sua profissão, ficando em pé de igualdade com os homens. Homens e mulheres são diferentes, física e emocionalmente. Não há a necessidade de igualar funções que são perfeitamente desempenhadas por sexos distintos.

O que ainda precisa mudar? Acho que as mulheres precisam ser mais autoconfiantes e obterão o respeito que merecem. As mudanças alcançadas nessas últimas décadas foram enormes. Basta a mulher se conscientizar disso e verdadeiramente desempenhar o papel que tanto almeja. O reflexo disso será o respeito de toda a sociedade.

 

 

Ana-Bilbao

Ana Bilbao (27), bacharel em direito, empresária desde os 20 anos, diretora da Hi Soluções e diretora de operações da Cevale. Ela foi a primeira coordenadora mulher da Acib Jovem desde que foi criado há 15 anos atrás. Ana também é diretora de ações estratégicas do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor.

O que significa o dia da mulher para você?  Sinceramente, nada. Desde pequena não temos o costume de comemorar datas festivas em casa. Acho que não precisamos de dias para comemorar coisas que são normais. Se eu não vejo diferença na capacidade entre homem e mulher, porque tem que ter o dia dela? Se tem o dia da mulher, tem que ter o dia do homem. Eu acredito que esse preconceito só para quando isso parar de ser falado e a boa convivência ser algo normal. As minhas dificuldades como empresária, são as mesmas que qualquer empresário jovem. Meus problemas quando abri a empresa, nunca foram por ser mulher e sim por ser muito nova. Biologicamente a mulher é diferente do homem, com outras necessidades e ritmo. Mas tem outras capacidades que não a tornam melhor ou pior. Enquanto eles conseguem fazer uma coisa muito bem, as mulheres fazem várias coisas ao mesmo tempo.

O que ainda precisa mudar? É isso que falei: parar de pensar que somos diferentes, cismando com coisas ruins, para começar a ver mais as coisas boas. Como mulher posso ter alguma vantagem em uma negociação, porque tenho mais calma ou meu instinto feminino me ajuda. Conversando com algumas pessoas, lembramos que nesses 15 anos da Acib Jovem, fui a primeira coordenadora mulher. Daí reforcei o que já comentei aqui. Isso não me faz diferente, apenas sou uma empresária que assumiu o núcleo. Ponto. Fui criada para enfrentar os problemas e impor respeito quando não há.