Saiba o que diz o Secretário de Defesa do Cidadão sobre a possibilidade de uma grande enchente

Foto: João Paulo Taumaturgo
Foto: João Paulo Taumaturgo
Foto: João Paulo Taumaturgo

Entrevistei nesta tarde de terça-feira (8) o Secretário de Defesa do Cidadão, Marcelo Schrubbe, sobre as chuvas que caíram nos últimos dias e o tema que atormenta os cidadãos blumenauenses: a possibilidade de ocorrer uma nova grande enchente. Depois que o CDL de Blumenau emitiu um comunicado orientando os lojistas sobre a previsão de chuvas fortes em outubro e novembro, o assunto gerou ainda mais discussão.

OBlumenauense: As chuvas dos últimos dias, chegaram a registrar ocorrências de deslizamentos na cidade?

Marcelo Schrubbe: Não houve registro de deslizamentos na Defesa Civil nos últimos 3 dias em vias públicas, terrenos, nem de casas com pessoas sendo afetadas. Ou seja, se teve alguma coisa, a informação não chegou até nós. De segunda para terça-feira (8) choveu em média 17mm, entre a madrugada e o meio dia, mas não foi registrada nenhuma ocorrência, nem de alagamento ou deslizamento. Já durante o dia, não houve volume de chuva expressiva. Está previsto mais um temporal nesta noite, com chuvas fortes como ontem, em função da chegada de frente fria. Na quarta-feira (09), o tempo permanece na mesma situação, mas na quinta há uma melhora e não deve mais chover tanto. Na sexta (11) cai a temperatura.

Não existe nenhum risco de enchente a curto prazo, já que o Rio Itajaí-Açú se encontra com 1,79m, o que exige estado de vigilância. Já os deslizamentos temos que nos preocupar a toda hora. Quando o solo satura, em uma semana de chuva já ficamos com a atenção redobrada. Temos que ficar atentos à sinais de deslizamentos, como inclinação de postes e árvores, barulho de mato rachando, barro escorregando, entre outros. As vezes cai um muro, mas aí a questão é mais de propriedade privada.

OBlumenauense: Algumas pessoas se manifestaram preocupadas com a previsão de chuva intensa, onde entra a questão das enchentes. Sabemos que a informação precisa, somente é possível com poucos dias de antecedência, mas o CDL emitiu um comunicado onde alerta para que as pessoas fiquem atentas. O El Niño tem características muito semelhantes ao período das enchentes de 1983. Há indícios que apontam uma semelhança com esse período e daí um risco maior com possibilidade de enchente?

Marcelo Schrubbe: A única coisa certa é que existe a previsão de um grande acumulado de chuva, mas ainda não se sabe quando nem onde vai cair. O El Niño já está ativo desde março e ainda não mostrou a sua influência já que a chuva neste período foi pouco representativa. O pico de atuação deve ser em outubro ou novembro. Mas qual o volume de chuva, não sabemos. A similaridade com 1983 existe, só que não dá para prever que irá cair daquela forma, já que foi uma situação sui generis. Tanto que em 1984 (enchente) aconteceu o La Niña. Temos que observar quando tem a chuva forte, como ela cai. Ela pode vir do Paraná para o Rio Grande do Sul, que é a maior efluência, e depende da quantidade de chuva nesse período de tempo. É isso que caracteriza a enchente. Se caírem 200 ou 300mm em um mês, é quase nada, mas se for em 3 dias, é bastante coisa. Então depende de quanto e onde irá cair.

OBlumenauense: Então quem diz que terá uma grande enchente, por enquanto, é só especulação?

Marcelo Schrubbe: Sim, com certeza. O comunicado do CDL foi fruto de uma reunião que fizemos, entre o GRAC – Grupo de Resposta e Ações Coordenadas e a Comissão Municipal de Defesa Civil. Nós fizemos uma explanação do que é o fenômeno El Niño, como ele funciona e o que pode acontecer. O objetivo não foi alarmar, mas deixar esses órgãos informados. Nesse quesito, o CDL fez um comunicado informativo, tanto que ele não cita enchentes, mas sim fortes chuvas com o objetivo de avisar os lojistas. Assim não poderão dizer que ninguém avisou, não sabiam de nada e foram pegos de surpresa. Agora, se vai dar enchente mesmo, isso nós não sabemos ainda. Apenas que haverão acumulados maiores de chuva para os meses de outubro e novembro. Nosso recado é esse: fiquem atentos aos comunicados da defesa civil.