Texto: Mariana Jungmann | Edição: Talita Cavalcante | *Colaborou André Richter
Tão logo a votação do próximo domingo (26) termine, entrará em ação um complexo sistema para a transmissão dos dados das urnas eletrônicas para os tribunais regionais eleitorais e o Tribunal Superior Eleitoral. Para garantir que não ocorra nenhuma fraude durante o processo, o esquema inclui desde comprovantes de papel até os mais modernos instrumentos de tecnologia da informação.
O primeiro passo, depois do voto do último eleitor, após as 17h, é a inserção na urna eletrônica da senha que encerra os trabalhos. Isso é feito pelo mesário que preside a seção. Em seguida, ele imprime o Boletim de Urna (BU). Esse documento contém o resultado daquela seção e poderá ser usado posteriormente para eventual verificação da contagem.
O secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, Ricardo Negrão, explica que as urnas emitem obrigatoriamente cinco BUs, mas podem liberar mais cinco opcionalmente. “Uma via fica afixada na porta da seção, outras são entregues aos fiscais de partido que solicitarem e outra é encaminhada ao TRE. Qualquer pessoa que tenha dúvida posteriormente quanto ao resultado de uma seção pode checar o boletim no site do TRE e conferir com esses outros comprovantes que foram impressos no dia.”
Depois de emitir o BU, o mesário grava os dados daquela urna eletrônica em uma espécie de pendrive que já é acoplado ao equipamento e leva o nome de Memória de Resultado. Como as urnas não são ligadas a nenhum sistema de rede ou internet, para evitar invasões de hackers, a Memória de Resultado e o Boletim de Urna são encaminhados para um ponto de transmissão e de lá seguem para os datacenters dos 27 tribunais regionais eleitorais. O processo de transmissão é feito por VPN, sigla em inglês para Rede Privada Virtual.
Negrão explica que é muito difícil para alguém invadir a VPN, mas mesmo que conseguisse fazer isso, o hacker não teria tempo para alterar os dados e enviá-los ao TRE sem que a fraude fosse descoberta. Além disso, os dados adulterados não passariam por outros filtros de checagem, como a assinatura digital da rede e a criptografia – semelhante à usada pelos bancos. Além disso, um superhacker precisaria de muito tempo e uma estrutura muito grande para quebrar a criptografia, recolher os dados, modificá-los, criptografar novamente e enviá-los. Até lá, nosso sistema teria percebido a inconsistência das informações.”
Nos TREs, começa a verificação de cinco itens de segurança, para garantir que não houve fraude no caminho dos votos que estavam nas urnas até o datacenter. São conferidos, por exemplo, se o número da seção confere com o interno da urna eletrônica e se o BU confere com a assinatura do aparelho. Depois de garantir que os dados recebidos não sofreram nenhuma interferência externa, a contagem começa. Os dados são transmitidos, na maioria, por meio dos cartórios eleitorais, utilizando-se também da rede comunicação privativa da Justiça Eleitoral. Nos locais de difícil acesso, onde não há recursos de infraestrutura, são usadas as estações de transmissão por satélite (SMSAT) – atualmente aproximadamente de 1,5 mil localidades.
O Tribunal Superior Eleitoral é o responsável por divulgar os dados parciais e o resultado da eleição nacional. No segundo turno, como já começou o horário de verão em parte do país, o início da divulgação só deve começar três horas após o fim da votação. Isso ocorre porque o fuso-horário do Acre em relação a Brasília, que normalmente é duas horas, agora é acrescido de mais uma. Mas isso não impede o início da contagem dos votos, apenas a divulgação. Assim, por volta das 20h quando sair o primeiro boletim parcial de resultados, a totalização já deverá estar bem adiantada.
Segundo o tribunal, os ministros da Corte e a imprensa não terão acesso antecipado ao resultado. No primeiro turno, o resultado parcial da eleição presidencial foi divulgado às 19h56, com 91% das urnas apuradas.
via Agência Brasil