Recebeu alta, a paciente que ficou por mais tempo internada com Covid-19 no Santo Antônio

 

 

 

 

Fotos: Larissa Machado [HSA]

No dia 9 de setembro, Leonilda Uhlmann, de 59 anos, recebeu uma boa notícia da equipe médica do Hospital Santo Antônio. Ela poderia voltar para casa, depois de ficar internada 74 dias em decorrência da Covid-19, dos quais 63 foram na UTI e outros 11 na enfermaria. Quando saiu, fez questão de posar para foto com todos os colaboradores que a ajudaram nessa batalha contra a doença.

Nesse período difícil, foram necessários vários procedimentos de traqueostomia, o que deixou sua fala mais silenciosa, mas nem por isso ficou menos expressiva. Ela se expressava com o olhar, técnica que aprendeu com a psicóloga Carolina, que ajudaram na comunicação com a equipe de saúde e também nas videochamadas com a família.

Para a Dra. Larissa Emi Toyonaga Souza, médica residente da clínica médica, Leonilda foi um exemplo de superação diária: “Lembro quando ela estava conosco na enfermaria Covid e necessitou ir para a UTI. Ela passou por diversas fases críticas no tratamento como uma verdadeira guerreira que lutou bravamente por sua vida nesses 74 dias de internação. Poder dizer à ela que poderia voltar para casa e ver esse o olhar de alegria ao saber que iria reencontrar a sua família, é o que mais me motiva. Estou desde o início da pandemia lidando diariamente com os pacientes com covid-19 e alguns nos marcaram de inimagináveis maneiras. Mas a vontade e garra para vencer de Dona Leonilda será lembrada por nós”, finaliza a médica.

 

 

Naqueles momentos da internação em que ela não podia falar, sua expressão foi essencial nas videochamadas com a família. “A Dona Leonilda ficou um longo período hospitalizada, e em muitos momentos ficou impossibilitada de verbalizar. Por isso tivemos que nos adequar nessas videochamadas utilizando uma Comunicação Alternativa e surgiu a ideia de criar um ‘sinal’ para que ela pudesse se comunicar”, descreve Carolina Schmidt, psicóloga residente do setor Covid. Um dos momentos mais marcantes foi após receber a alta, quando eles se despediram usando o toque, lembrou a profissional de saúde.

“Ela já venceu batalhas que dariam alguns livros. Nas videochamadas, mesmo ela estando entubada, sem poder falar ou nos ver, o fato da família poder vê-la, já era um momento de rezar e pedir pela sua recuperação. Quando começou a melhorar, ela ainda não tinha forças para falar, mas tínhamos nosso “jeito pessoal” de dar tchau e cumprimentar. Para que toda a família ouvisse a mesma versão dos boletins médicos, colocava o telefone no viva voz e gravava a conversa e enviava em áudio para minha cunhada no WhatsApp. Depois marcava a data da ligação e escrevia: ligaram do hospital sobre a mãe hoje (data) e assim repassava para meus tios, primos e amigos sobre o seu estado de saúde. Eu fiz isso todos os dias, e quando esquecia de enviar para alguém, me enviam mensagens perguntando se o médico ainda não tinha ligado”, lembra a filha Grazi.