Quatro momentos inesquecíveis do Natal

Por Claus Jensen  | Fotos: arquivos pessoais

Hoje é o Dia de Natal, depois de uma véspera em que ganhamos e demos presentes, além de nos reunirmos com as pessoas especiais de nossa vida. Pedi a algumas pessoas que nos enviassem um rápido depoimento do que consideram a melhor lembrança de um determinado Natal. Houveram relatos pessoais, de valores e quando puderam levar a alegria para outros.

 

 

O Natal sempre foi motivo de uma espera angustiante. Meus pais não tinham condições de nos dar os presentes que desejávamos. Mas hoje, olho para trás e percebo que fizeram tudo no intuito de nossa felicidade; não importando a forma como isso se materializava!

Creio que perceber isso hoje é mais valioso do que se realmente tivesse ganho a melhor bicicleta, o melhor vídeo game ou a melhor bola de futebol. E isto me faz ver que são as atitudes, seja no Natal ou não, é que nos fazem crescer.

Tenente-Coronel Jefferson Schmidt, comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar de Blumenau

 

 

Para mim todos natais sāo especiais. Mas aquele que lembro com carinho, era quando meu pai trazia o pinheiro nas costas de bicicleta. Naquela hora sabia que estava bem próximo do bom velhinho chegar e a árvore era imediatamente fixada na areia dentro de um grande pote de barro, até então usado para fazer conservas. Daí começávamos a enfeitar o pinheiro com bolas de vidro, velas, algodāo e serpentina natalina.

Como a sala era pequena e a árvore grande, tínhamos que afastar alguns móveis. Lá ela era aguardada até a noite de Véspera de Natal. Lembro que cantávamos Noite Feliz, rezávamos Pai Nosso e agradecíamos pelo ano e os presentes. Era inesquecível. Eu acredito até hoje no Papai Noel, o Nicolau.

Soni Robinson Witte, colaborador de OBlumenauense desde 2014.

 

Adriano Albano, diretor dos polos Unicesumar de Blumenau, Gaspar, Indaial, Jaraguá do Sul e Joinville.

 

O Natal mais especial para nós é justamente este, de 2018. Apesar de todo ano envolvermos alunos e comunidade para doação de brinquedos, este ano foi diferente. Eu me vesti de Papai Noel pela primeira vez. E a primeira vez a gente nunca esquece. Ver aquelas lindas crianças carentes, com os olhos arregalados, acompanhando cada movimento meu, à espera de uma abraço (e que abraços carinhosos), foi o melhor presente.

Não éramos nós que estávamos fazendo o bem para elas… elas é que nos ajudaram a mostrar o tamanho da nossa responsabilidade. Assim pudemos aprender e ensinar também um pouco mais de cidadania a todos que nos cercam. Nunca vou esquecer!

Adriano Albano e Michelle Albano – Diretores e proprietários da Unicesumar de Blumenau e região.

 

 

 

Todos os anos eu faço um Natal Carente com as crianças da região de Blumenau. Para isso eu convidava até três amigos diferentes que me ajudam a entregar os presentes em quatro ou cinco bairros. Em 2011, quando estava terminando a faculdade na FURB, eu fiz uma campanha pedindo para as mulheres doarem os ursinhos que ganharam dos ex-namorados. Na época, chegamos a arrecadar mais de 300 ursos de pelúcia,que foram lavados, colocadas fitinhas nos pescoços e perfumados. Depois de embalar, fomos entregar nas regiões dos morros da Dona Edith e da Figueira, no bairro Velha Grande.

Naquele dia tinham umas 4 estudantes da faculdade que chegaram de sapato bico fino e bem vestidas. Eu expliquei que iríamos em uma região mais carente e sugeri que colocassem um tênis, mas elas acabaram indo do jeito que vieram. Ao chegar nos locais, tomaram um choque porque nem imaginavam que existiam comunidades que enfrentavam tantas necessidades em Blumenau.

Quando começarmos a distribuir os presentes, começou a chegar um grande número de crianças. Surpresas com a quantidade, foram ao carro buscar mais presentes, momento em que um menino passou por elas e disse: “Corre, corre, é o Papai Noel mais rico que eu já vi”. O detalhe, é que ele estava abraçado com o ursinho que uma delas doou. Para ela, era só mais urso de pelúcia que estava sobre a cama de seu quarto. Nesse momento ela ficou tão emocionada com o fato, que começou a chorar e se trancou no carro.

Foi um choque de realidade que muitas pessoas não tem por estarem acostumadas a viver no Centro de Blumenau. Elas não vêem as necessidades que essas comunidades passam nos morros da periferia de nossa cidade. Esse ano amputei metade de um dedo e acabei não indo. Mas meus amigos mantiveram a tradição e entreguei fraldas em um asilo de Concórdia.

Rodrigo Quadros, ex-secretário da Defesa do Cidadão de Blumenau