Santa Catarina encerrou 2024 com 763 quilômetros de malha ferroviária em operação, responsáveis pelo transporte de 6,84 milhões de toneladas de cargas. Os dados são da Secretaria Estadual de Portos, Aeroportos e Ferrovias (SPAF), com base em informações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Atualmente, a malha catarinense representa 4,4% da rede ferroviária nacional, mas opera abaixo de sua capacidade total. “Já transportamos três vezes mais do que hoje. A missão é revitalizar esse modal para que ele volte a ser uma alternativa logística eficiente”, afirma Beto Martins, secretário da SPAF. Em 2024, a Rumo Logística transportou 3,7 milhões de toneladas, enquanto a Ferrovia Tereza Cristina movimentou 3,09 milhões de toneladas.
Entre os produtos mais transportados, destacam-se soja e carvão mineral, ambos com 2,5 milhões de toneladas cada, seguidos por milho, que registrou 1,06 milhão. Além disso, cargas conteinerizadas, combustíveis (álcool, gasolina e óleo diesel) e insumos agrícolas (adubo, cloreto de potássio, fosfato e ureia) completam o rol de produtos movimentados.
Dois projetos estão em andamento para ampliar a rede: um trecho de 319 km entre Chapecó e Correia Pinto e outro de 62 km ligando Navegantes a Araquari, com investimentos de R$ 32 milhões. A previsão é que as obras sejam concluídas até 2025. Além disso, o estado prepara a Lei Estadual de Ferrovias, que deve ser encaminhada à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) ainda este ano. A proposta visa conceder autonomia ao estado para autorizar novas concessões e impulsionar a expansão da malha.
O transporte ferroviário é ideal para grandes volumes, como o escoamento de soja e carvão mineral, reduzindo custos em longas distâncias. Além disso, emite menos poluentes, sendo mais sustentável que o rodoviário. Com menor risco de acidentes e roubos, também garante maior segurança e confiabilidade no transporte de mercadorias.
A integração do Vale do Itajaí, região estratégica para a economia catarinense, é um dos desafios futuros. Embora ainda não haja um projeto específico, a modernização das ferrovias existentes pode abrir caminho para essa conexão, beneficiando o escoamento de produção agrícola e industrial.
Com investimentos e planejamento, Santa Catarina mira não apenas expandir, mas também consolidar sua rede ferroviária como um eixo logístico fundamental para o desenvolvimento do estado.
O retorno de uma época saudosa
A Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC), única ferrovia operante no Vale do Itajaí, teve uma história marcada por desafios e interrupções. Inaugurada em 1909 com o objetivo de conectar o litoral ao interior do estado, a EFSC estendia-se por 184 km entre Itajaí e Agrolândia. Seu trajeto atravessava cidades importantes como Blumenau, Gaspar e Indaial, transportando passageiros e cargas, com destaque para a produção agrícola da região.
No entanto, a falta de investimentos e a competição com o transporte rodoviário levaram à sua decadência e posterior desativação em 1971. Apesar de seu fim, a EFSC deixou um legado histórico e cultural importante para o Vale do Itajaí, evidenciado pela preservação de estações e trechos da linha férrea, que hoje são atrativos turísticos e testemunhos de um passado marcante.
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