Mais de 150 pesquisas que buscam por uma vacina para o novo coronavírus já foram registradas na Organização Mundial da Saúde (OMS) e estão em diferentes estágios de desenvolvimento. Entre elas, seis já começaram os testes de nível três, para avaliar a eficácia em milhares de pessoas.
A Rússia anunciou, no dia 11 de agosto, o registro da primeira vacina contra a Covid-19 no mundo, a Sputnik V, uma referência ao programa espacial russo que no ano de 1957 lançou o primeiro satélite artificial. O anúncio fez especialistas questionarem a eficácia da vacina, pois o processo para criação de uma nova vacina leva um longo tempo.
Ricardo Alexandre Freitas, professor e médico infectologista do curso de Medicina da Universidade Regional de Blumenau (FURB), comenta que o rápido anúncio da vacina é uma questão comercial, uma disputa para definir qual país começará a vender primeiro. “A vacina da Rússia atropelou a fase 3”, afirma o infectologista.
O processo para criar uma vacina é longo pois é composto por diversas etapas. Entre elas está a identificação do antígeno, a substância que, quando introduzida no organismo humano, vai incentivar a criação de anticorpos. Há, ainda, a própria fabricação da vacina e os testes pré-clínicos que vão medir a capacidade da substância de provocar uma reação imune.
Depois disso, são realizados os testes clínicos, que seguem três etapas, a primeira, que é onde acontece a testagem em poucos indivíduos, a segunda, com uma testagem em um número maior de voluntários, e a terceira, onde milhares de pessoas são vacinadas para certificar a segurança e determinar a eficácia da vacina.
Isabel Machado, coordenadora do curso de Farmácia da FURB, afirma que já existem vacinas que são seguras para o combater o vírus da Covid-19, mas a sua eficácia em larga escala não foi alcançada. “Não adianta a gente ter uma vacina, pular uma etapa de teste da análise de resultado, e depois a gente vacinar e não fazer o propósito dela, que é imunizar uma grande parcela da população” explica a farmacêutica.
O Brasil também segue na corrida para encontrar uma solução para a pandemia do coronavírus, e através de parcerias com outros países, trabalha em quatro pesquisas para desenvolver uma vacina. Em troca da realização da fase 3 de testes da vacina, duas parcerias internacionais foram firmadas no país.
O Governo Federal fechou uma parceria com a Universidade de Oxford, dos Estados Unidos, e a farmacêutica Astrazeneca, para a produção dessa vacina pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Os testes começaram a ser feitos no mês de junho, com a participação de 2 mil voluntários profissionais da saúde.
Já o estado de São Paulo também fez uma parceria internacional com a China, através do Instituto Butantan, com o laboratório Sinovac, para a transferência de tecnologias. Os testes da terceira fase começaram em julho em 9 mil voluntários.
Trazer essa tecnologia para o Brasil e desenvolver as doses no país prevê que, até dezembro de 2020, sejam feitas 30 milhões de doses, e para o primeiro semestre de 2021, 70 milhões, explica a farmacêutica Isabel Machado.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou também os testes de fase três de uma vacina produzida em uma parceria entre a BioNTech, uma empresa alemã, e a farmacêutica Pfizer, e outra vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson.
Para controlar a situação do coronavírus no país a Sociedade Brasileira de Imunologia afirma que 70% da população deve estar imune ao vírus, quando o Brasil chegaria ao estágio de imunidade de rebanho, que levaria a uma queda significativa na taxa de transmissão do vírus.
Isabel Machado prevê que, assim como a vacina da gripe, os primeiros grupos a receberem a vacina serão os idosos e grupos de risco, assim como os profissionais da saúde, que estão na linha de frente ao combate da doença. A professora e farmacêutica alerta também para a importância da vacinação, que além de proteger a pessoa vacinada, protege aqueles que por questões de saúde e de problemas no sistema imunológico não podem receber a vacina.
Como está a corrida pela vacina da Covid-19
O assunto do momento – e será assim pelos próximos meses – é a vacina para prevenir a COVID-19. Todos querem saber: afinal, quando seremos imunizados? Confira mais sobre este assunto na reportagem da FURB TV.
Via Furb