Por aclamação, o Diretório Nacional do PMDB decidiu por volta das 15h10min desta terça-feira (29/3/16), deixar a base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff, após 13 anos de aliança com o PT. A decisão foi anunciada pelo vice-presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), que substituiu o presidente nacional do partido e vice-presidente da República, Michel Temer, que não compareceu à reunião.
Em menos de três minutos, aos gritos de “Brasil para frente, Temer presidente” e “Fora PT”, o partido também aprovou uma moção que determina a entrega de todos os cargos no Executivo e a punição de quem desobedecer. A votação ocorreu de forma simbólica e reuniu mais de 100 membros do Diretório Nacional do partido. Romero Jucá explicou que a decisão de deixar a base do governo, não está vinculada ao impeachment da presidente.
Mas nos bastidores ficou acertado que não haveria exposição dos peemedebistas contrários à decisão e de que os políticos que ocupam ministérios devem deixar o governo até o dia 12 de abril. Cada caso seria avaliado separadamente, como os dos ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) que querem se licenciar do partido, o que não está previsto no estatuto do PMDB.
Os políticos do PMDB que ocupam ministérios, além de José Sarney, Eduardo Paes e Sergio Cabral também não compareceram. Eles enviaram aliados para representá-los, como a ex-governadora Roseana Sarney e os secretários do Rio de Janeiro Pedro Paulo e Marco Antonio Cabral.
Era visível a satisfação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o primeiro peemedebista a romper publicamente com o governo e considerado um dos maiores adversários políticos de Dilma Rousseff. Assediado pela imprensa, ele distribuiu abraços entre os partidários que estavam no plenário e foi chamado a compor a mesa que presidiu a curta cerimônia que oficializou a decisão do partido.
A tomada de posição foi articulada pelo grupo do vice-presidente Michel Temer, mas a decisão final foi tomada após reunião realizada entre ele e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar dos apelos da presidente Dilma Rousseff e Lula, o Planalto não conseguiu conter a tendência de debandada do PMDB. A situação agravou ainda mais nos últimos dias, com a exposição das posições anti-Dilma dos maiores diretórios estaduais do PMDB, como Rio de Janeiro e Minas Gerais.