Por Miriam Mesquita
A campanha “Setembro Amarelo” tem o objetivo de conscientizar a população e promover a prevenção ao suicídio. A escolha do tema para o piquenique deste sábado (16/09/23), promovido mensalmente pela ONG Mães do Amor em Defesa da Diversidade, traz um alerta para a saúde mental da comunidade LGBTQIA+, exposta à discriminação, preconceito e outras formas de violência. A roda de conversa terá mediação de psicólogos para promover o acolhimento e combater o estigma em torno do tema. O encontro será no Parque Ramiro Ruediger, das 14h às 18h.
As pesquisas feitas entre pessoas LGBT soam um alarme quando o assunto é suicídio. Segundo matéria do jornal “O Povo”, a revista científica Pediatrics publicou um estudo que revela que mais de 60% desse público já pensou em suicídio. A mesma pesquisa aponta um risco seis vezes maior de tentativa de tirar a própria em vida em comparação à população em geral e que esse risco aumenta em 20% quando essas pessoas vivem em comunidades que não aceitam a orientação sexual diversa da heteronormativa.
A psicóloga comportamental e sexóloga, Alexandra Guaitanelly, reforça que a atenção à saúde mental deve ser ampliada. Em seu consultório, mais de 70% dos casos atendidos são de pessoas com diagnóstico de depressão e transtornos de ansiedade, a maioria jovens. Alexandra propõe o acolhimento através de uma rede apoio e de profissionais capacitados para essa demanda.
Segundo observação dos pacientes, o medo de ser ridicularizado, a vergonha de falar sobre a depressão e até a falta de dinheiro podem ser fatores que impedem a pessoa de procurar ajuda. Para os que dependem do sistema público de saúde, a psicóloga disponibiliza apoio para o encaminhamento de pacientes através da ONG. Outro serviço gratuito, de escuta e acolhimento, é o número 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV) que atua, principalmente, na prevenção ao suicídio.
Este ano, o Setembro Amarelo, campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), traz o tema “Se precisar, peça ajuda”. O suicídio é questão de saúde pública e, por isso mesmo, afeta toda sociedade. “Se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave”, publica a página oficial da campanha na internet que disponibiliza material para download e uma cartilha com orientações de prevenção.
Segundo Alexandra Guaitanelly, “O tema é rodeado de tabus e pode desencadear gatilhos, sofrimento emocional a partir da identificação com pessoas que estão com ideação suicida. Por isso o assunto deve ser tratado por profissionais preparados para esta abordagem e para o acolhimento. Setembro é o mês de conscientização, mas devemos acolher e ajudar o ano todo.” A psicóloga disponibiliza também o número de seu telefone pessoal para quem precisar de ajuda: (47) 99715-9146.
Para o piquenique de sábado, os organizadores sugerem que os participantes levem cadeiras, almofadas, toalhas, suco e lanche para compartilhar.