Por Nielmar de Oliveira
A Petrobras divulgou nota há pouco em que afirma que a greve de 72 horas, decretada a partir da meia-noite desta quarta-feira (30/05/18) pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), não impactou a produção. Segundo a estatal, apesar de terem sido registradas “paralisações pontuais” em algumas unidades operacionais, equipes de contingência estão atuando onde é necessário.
A estatal lembra que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) concedeu, na noite de terça-feira (29), uma liminar em que declara a abusividade da greve. O pedido foi feito pela Petrobras e pela Advocacia-Geral da União, considerando o contexto nacional e a necessidade de retomada do abastecimento de combustíveis o mais breve possível.
Os petroleiros afirmam que o movimento é uma reação à política de preços dos combustíveis, de crítica à gestão na Petrobras e contra os valores cobrados no gás de cozinha e nos combustíveis.
Balanço parcial divulgado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) informa que a adesão dos petroleiros ao movimento se dá de forma progressiva. Segundo o sindicato, um quadro parcial do movimento de advertência indica que trabalhadores de 21 plataformas aderiram ao movimento e que, desse total, seis estão totalmente paralisadas.
A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), a unidade de refino da Petrobras no estado do Rio, opera normalmente, e não há piquetes em suas imediações.
Para o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, a paralisação tem boa adesão. “O movimento tem vários aspectos positivos e uma pauta que dialoga diretamente com os anseios da sociedade. Mesmo com a tentativa da Petrobras e da AGU de, através do TST, intimidar a nossa greve, nós estamos com uma adesão que eu chamaria de boa. E os movimentos de petroleiros são construídos desta forma: eles começam de uma forma e vão em um crescente ao longo do dia. Não temos um balanço preciso sobre o andamento, mas o que sei é que a adesão está muito forte principalmente nas unidades operacionais – plataformas, refinarias e terminais”, disse.
Segundo Rangel, a paralisação é uma reação à politica da estatal, “que visa a favorecer não só o mercado financeiro, mas as importações e o agronegócio, uma vez que, com o preço abusivo da gasolina, os consumidores vão correr em direção ao álcool”.
O coordenador-geral da FUP rebateu as críticas de que a greve é oportunista e aproveitou o momento político adverso criado pelo movimento dos caminhoneiros. “Nós já tínhamos um calendário preestabelecido muito antes da greve dos caminhoneiros e que apontava para a paralisação de agora. Quanto à decisão do TST, para nós não há nenhuma surpresa: ele sempre vai considerar a nossa greve abusiva e para nós não há nenhuma surpresa nessa decisão, mesmo tendo cumprido todos os requisitos exigidos pela lei. Mas nós vamos recorrer e não vamos deixar de fazer o nosso movimento por conta desta decisão”, disse.
Agência Brasil