Por Liliani Bento
Ciúmes é sempre uma sensação muito desagradável, pois, aparece em resposta à insegurança que se tem de perder um amor, um emprego ou até um amigo. Porém, na maioria das vezes se manifesta apenas no relacionamento amoroso. No entanto, a pessoa pode ter ciúmes apenas do seu companheiro ou também de familiares e coisas. “O ciúme é um grande destruidor de afetos. A boa notícia é de que ele pode ser tratado”, avisa a Life Coach, Edina Esmeraldino.
De acordo com Edina, quem percebe que sente muito ciúmes e pode ser prejudicado por esse sentimento, deve procurar ajudar de um psicólogo, terapeuta ou de um coach para participar de coaching integral sistêmico, por meio do qual vai se investigar a origem do problema e desenvolver uma metodologia para se curar ou, pelo menos, mantê-lo sobre controle. “O ciúme pode ser considerado uma doença e como tal deve ser curado. Porém, a pessoa tem que tomar a firme decisão de que quer mudar, de que não quer mais esse tipo de emoção na sua vida. Caso contrário, nada vai mudar”, avisa.
O ciúme precisa ser curado quimicamente e emocionalmente. Trata-se de um vício comportamental, muito sério. “A pessoa não quer, sabe que não pode, mas acaba fazendo. O comportamento é muito parecido com o do alcoólatra ou viciado em drogas. Depois a pessoa se arrepende, mas o estrago já foi feito”, explica.
Esse padrão de comportamento é repetido tantas vezes, que a pessoa cria uma condição química no seu organismo, ativando a noradrenalina, também chamada de norepinefrina, uma das monoaminas que mais influencia o humor, a ansiedade, o sono e a alimentação. Assim como a serotonina é ativada com a realização de exercícios e deixa a pessoa feliz, com bem- estar, a norepinefrina, ao contrário, faz a pessoa reagir de forma inconsciente, a alimentar o ciúme. O corpo acaba viciando nessa sensação. Por isso que deve ser tratado quimicamente. “É o chamado vício emocional. É o mesmo mecanismo que ocorre com o viciado em cocaína. Por isso, como todo vício, deve ser curado.”
Quem tem muitos ciúmes, sofre e causa sofrimento a quem está se relacionando com ela. Muitos relacionamentos que tinham tudo para dar certo, são desfeitos em virtude dos ciúmes. “Daí o ciumento começa outro relacionamento, e, a princípio, com uma pessoa bacana, e repete o mesmo padrão de comportamento. Então se torna um ciclo vicioso. Isso tira a paz da vida da pessoa”, explica Edina.
Em qualquer tratamento de ciúmes deve ser investigada a sua origem. Segundo Edina, todos nascem uma matriz limpa e vai se estragando com o tempo, com as experiências, os traumas, etc.. A notícia boa disso é que, qualquer hábito ruim adquirido, pode ser consertado, desde que a pessoa se permita. “Tudo em nossas vidas é baseado nas nossas crenças e valores e, a maioria deles, é adquirida ainda na infância, até os 5 anos de idade. Tem gente que sente ciúmes de tudo, mesmo sem nunca ter sido traído na vida. Isso pode ter origem em alguma má experiência que tenha acontecido próximo da pessoa.”
É possível deixar de ser ciumento. O primeiro passo é a pessoa encarar que é ciumenta e que tem um vício. Depois é necessário criar uma estratégia para resolver esse problema. É o mesmo processo do viciado, porém, cada pessoa tem uma estratégia diferente. Caso a pessoa não queria procurar ajuda, pode então, sozinha mesmo, tentar a autoconsciência, buscar a origem de tudo, desde quando se tornou ciumento, o porquê de alimentar esse tipo de sentimento e ter determinação para mudar o seu comportamento. Todo mundo tem condições, mesmo que seja um processo difícil, de crescer, mudar e ser mais feliz, mas é necessário estar disponível para a mudança.
Dicas para controlar o ciúme:
Saiba com quem você se relaciona: se você namora uma pessoa pública, como um artista, é natural que alguém apareça querendo fazer uma foto com uma pessoa famosa e isso é bem diferente dessa pessoa ser inconveniente. É preciso olhar para a situação com um pouco mais de realidade.
Tamanho do seu ciúme: É necessário que você se conheça para poder avaliar qual a dimensão das suas reações diante do surgimento do ciúme. Assim aprende a não colocar o outro numa situação de risco. Porque quando o ciúme vem com muita força às pessoas não pensam e é muito fácil perder o controle.
Autoestima elevada: quem tem autoestima muito baixa costuma ter mais insegurança e o ciúme costuma atingir níveis mais altos. É importante cuidar da sua autoestima, para não provocar situações complicadas para o casal.
Posse: o ciumento pensa que o outro é propriedade dele. Ele precisa manter a pessoa que ama por perto e tem que saber de tudo, vasculhar tudo, como se a pessoa amada fosse um objeto. É um equívoco porque manter a pessoa amada ao seu lado é uma conquista, não é resultado de prender ou ameaçar o outro.
Impulsos: é um dos itens mais difíceis e importantes, porque normalmente o ciumento primeiro briga e depois pensa no que fez. Ele faz a confusão e dependendo do nível da autoestima da pessoa, ela demora a se dar conta do que fez. Então é preciso controlar um pouco a raiva e as palavras porque muitas vezes isso deixa marcas, principalmente em função de situações em público.
Diálogo: o diálogo ainda é um caminho. Não é o único, porque às vezes o silêncio também cabe muito bem, mas é um dos caminhos que é capaz de melhorar e amadurecer um relacionamento criando situações de mais segurança. Converse com o parceiro sobre como se sente e pergunte como ele pode lhe ajudar nisso.