Por Cintia Moreira
O pesquisador brasileiro Luiz Osório Leiria identificou uma substância produzida pelo organismo que ajuda a controlar os níveis de glicose e pode ser uma alternativa para o combate ao diabetes. A descoberta foi feita durante uma pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Segundo Leiria, a substância, chamada lipídio 12-HEPE, é um tipo de gordura produzida e liberada pelo tecido adiposo marrom. Na pesquisa, ele descobriu que camundongos obesos tratados com esse lipídio apresentaram maior eficiência na redução dos níveis de glicose no sangue do que aqueles animais que não tinham recebido o tratamento com o lipídio.
“Nós descobrimos que ele é especializado em promover a captação de glicose tanto para dentro do tecido adiposo marrom, para que ele mesmo utilize a glicose para queimar a energia, como também promovendo a captação de glicose até para o músculo, o que ajuda a fazer a depuração dessa glicose do sangue. Então, esses mecanismos de captação de glicose estão prejudicados no diabetes. O que esse lipídio faz? Ele auxilia neste processo, diminuindo, então, mais rapidamente os níveis de glicose no sangue”, relata.
A jornalista Luciana Oncken, de 45 anos, autora do blog Viver com Diabetes, convive com a doença e conta que é possível levar a vida numa boa, se algumas medidas forem adotadas.
“Eu vou completar 16 anos com diabetes e não tenho nenhuma complicação. Isso porque eu costumo incluir atividade física no meu dia, que nem sempre é academia, mas fazer uma caminhada, ir até o banco, fazer alguma coisa a pé e ter uma alimentação equilibrada. Eu costumo dizer que nada é proibido para quem tem diabetes, desde que você conheça o seu corpo, faça o seu monitoramento de glicemia e converse com o seu profissional de saúde”, enfatizou.
O publicitário Felipe Fernandes de Moraes, de 31 anos, também toma alguns cuidados, mas afirma não se privar de algo que tem vontade.
“Eu completei neste ano 20 anos de diabetes. Eu faço contagem de carboidrato e eu tomo insulina de acordo com que eu como nas minhas refeições. Então, eu tenho mais ou menos uma noção do quanto cada alimento tem de carboidratos, faço essa contagem, existe uma regra de determinada quantidade de insulina para determinadas gramas de carboidratos que eu como e assim eu vou levando meu dia a dia”, disse.
O pesquisador Luiz Osório Leiria ressalta que nos testes clínicos feitos com pacientes humanos, ao coletar amostras de sangue de pessoas magras e saudáveis e em pacientes com sobrepeso e obesos, verificou-se que a quantidade de 12-HEPE do primeiro grupo foi maior que no sangue dos pacientes com sobrepeso e obesos.
Na prática, isso quer dizer que a pesquisa sugere a possibilidade de que a redução dos níveis desses lipídios na corrente sanguínea de pessoas obesas contribua, de alguma forma, para o aumento da glicose no sangue desses pacientes. A substância ainda não foi testada como tratamento em humanos, mas Leiria afirma que pretende fazer os testes em breve.
Dados da Sociedade Brasileira de Diabetes indicam que existem atualmente no Brasil mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional.