Pesquisa da FURB desenvolve composto natural que reduz colesterol e possui efeitos antidepressivos

Estudo inédito sobre a Morus nigra resulta em patente de formulação bioativa com potencial terapêutico para saúde cardiovascular e mental.

Foto: divulgação

A Universidade Regional de Blumenau (FURB) tem se destacado no campo da pesquisa científica, e um dos mais recentes avanços vem do estudo sobre a Morus nigra, popularmente conhecida como amora-preta. O projeto, desenvolvido pela doutora em Neurociências, Ana Lúcia Bertarello Zeni, e pela mestre em química, Ana Paula Dalmagro, resultou em uma nova formulação à base de bioativos que demonstrou capacidade de reduzir o colesterol e apresentar efeitos antidepressivos.

Vinda do oeste catarinense e formada em farmácia, Ana Paula sempre teve interesse em trabalhar com modelos experimentais e viu na FURB a oportunidade de realizar esse sonho. Em 2014, após ingressar no mestrado em química, iniciou os trabalhos com a Morus nigra.

O objetivo inicial era verificar em laboratório, se os efeitos populares atribuídos à planta, como a redução de lipídios e seu potencial antidepressivo, poderiam ser comprovados cientificamente. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Avaliação de Substâncias Bioativas da FURB, localizado no bloco T da universidade. O trabalho envolveu a caracterização química do extrato da planta e a avaliação de seus efeitos em modelos experimentais, utilizando camundongos.

Uma das maiores preocupações da equipe foi garantir que o extrato da Morus nigra fosse seguro e eficaz. As pesquisadoras lembram que mesmo produtos naturais podem causar danos se não forem devidamente estudados e utilizados. Após uma vasta série de experimentos e análises, os resultados confirmaram o potencial terapêutico do extrato, abrindo caminho para a patente que foi concedida em 2021 pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Foi a primeira patente registrada pelo departamento de Ciências Naturais da FURB, marcando um importante marco na história da instituição. O processo de tramitação, considerado rápido para os padrões brasileiros, levou pouco mais de um ano, resultado de uma extensa documentação e provas laboratoriais enviadas ao INPI.

Além da satisfação pessoal e acadêmica, Ana Paula e a professora Ana Lúcia destacam o impacto que essa descoberta pode ter na sociedade. O composto bioativo tem o potencial de ser desenvolvido em medicamentos que podem beneficiar milhares de pessoas, tanto no controle do colesterol quanto no tratamento de transtornos depressivos.

A FURB, a Agência de Inovação Tecnológica (AGIT) da universidade e as pesquisadoras estão agora buscando parcerias para a transferência de tecnologia e a produção em escala comercial dos produtos derivados da Morus nigra. A expectativa é que, em breve, essa inovação chegue ao mercado, beneficiando não só a saúde pública, mas também impulsionando a pesquisa e o desenvolvimento na região.

A patente integra a Vitrine Tecnológica da Agit, que conta com dezenas de tecnologias disponíveis para licenciamento. Interessados na ideia, podem entrar em contato com a Agência de Inovação Tecnológica da FURB através do telefone (47) 3321-0605, e do e-mail agit@furb.br.

Confira o vídeo com a entrevista das duas pesquisadoras.