Pequenas empresas familiares são a espinha dorsal da economia brasileira, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Elas são responsáveis por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e geram 75% dos empregos. Além disso, cerca de 90% das empresas no Brasil têm perfil familiar, evidenciando a relevância desse modelo de negócio para a economia nacional.
Porém, a continuidade dessas empresas nem sempre é garantida. O Índice Global de Empresas Familiares, da PwC, mostra que apenas 36% dessas empresas conseguem chegar à segunda geração. Esse número cai para 19% na terceira geração e apenas 7% sobrevivem até a quarta, ressaltando a necessidade de planejamento e estratégia para garantir a longevidade dos negócios familiares.
Desafios e oportunidades
Conduzir uma pequena empresa familiar já é desafiador por natureza, especialmente quando o negócio é administrado por poucas pessoas. A gestão de conflitos familiares é uma das principais dificuldades enfrentadas, conforme explica Rafael Mafra, especialista em Governança Corporativa e Conselheiro de Administração Certificado – CEO da Digiwork Inteligência Contábil. “A mistura da vida familiar com os negócios é bastante complicada. Muitas vezes os sonhos de um familiar não são os mesmos dos outros. A falta de diversificação de renda também pode ser um grande risco,” destaca ele.
Outro obstáculo recorrente é a falta de um planejamento sucessório bem estruturado. Sem um plano claro para a continuidade do negócio, muitos empreendimentos familiares acabam não resistindo à troca de geração. Além disso, pequenas empresas familiares enfrentam dificuldades para acessar recursos financeiros, por conta de garantias limitadas e histórico financeiro ainda em desenvolvimento.
Vantagens frente a empresas maiores
Apesar dos desafios, empresas familiares possuem vantagens que podem ser decisivas para o sucesso. A confiança entre os membros da família contribui para um ambiente de trabalho coeso e colaborativo, facilitando a tomada de decisões rápidas. A flexibilidade operacional também é um ponto positivo, permitindo que essas empresas se adaptem rapidamente às mudanças de mercado e às necessidades dos clientes. “A proximidade com a comunidade local é um diferencial importante. Muitas empresas familiares são reconhecidas pela tradição e pelo atendimento personalizado, algo que empresas maiores muitas vezes têm dificuldade em replicar,” comenta Mafra.
Orientações para o sucesso
Para que as pequenas empresas familiares prosperem, é essencial separar as questões pessoais das profissionais e investir na profissionalização da gestão. Quando se fala em profissionalizar a gestão, não implica necessariamente em contratar terceiros, mas sim, também, a profissionalização dos familiares! Um planejamento sucessório bem definido é fundamental para garantir a continuidade do negócio ao longo das gerações.
“Buscar orientação externa, como consultorias especializadas de contadores especialistas e advogados societários, pode ajudar a tomar decisões estratégicas e explorar novos mercados. Além disso, a governança é essencial: separar as finanças da empresa das pessoais e considerar fontes alternativas de renda para a família. E, por fim, é crucial que os familiares ocupem posições para as quais estejam qualificados, assim como seria exigido de qualquer outro candidato,” aconselha Mafra.
No final das contas, o sucesso das pequenas empresas familiares depende de encontrar um equilíbrio entre manter a tradição e inovar, preservando o legado da família enquanto se adaptam às exigências modernas do mercado.
O exemplo é a própria empresa de Rafael Mafra fundada em 1991 pela sua família e que atualmente possui a matriz em Blumenau, além de uma filial em Indaial. A empresa cresceu ao longo das três últimas décadas e chegou a 300 clientes, com uma equipe especializada de 30 colaboradores. A empresa atende fisicamente, e com a agenda da tecnologia clientes, em outros estados brasileiros.