Por Márcia Pontes
Eles foram vítimas de acidentes de trânsito, lutam diariamente para superar os desafios da deficiência e nos mostram, diariamente, que há vida para além do acidente. Não precisam de olhar de compaixão, de pena e de dó. São os paratletas e outras vítimas de acidentes de trânsito que darão um show de garra, de amor pela vida e de vontade de viver, hoje, das 14h às 17h, na Praça Cirilo Theiss, nos fundos do Ambulatório Geral da Velha. Haverá desafios e demonstrações de habilidades como o vôlei sentado, tênis de mesa, dentre outros. Algumas turmas de escolas também participarão. Diversas atividades serão oferecidas para promover o diálogo, a inclusão e a cidadania.
Todos eles são os destaques e nos ensinarão que a vida é o bem mais precioso: estar vivo nos faz superar tudo, não importam quais sejam as dificuldades! Quem for à Praça Cirilo Theiss nesta quarta-feira (10/11/16), irá conhecer a atleta blumenauense que competiu nas Paralimpíadas 2016 e também a professora aposentada, artesão e cantora, Karem Rezende e o seu cão-guia Orfeu, que dará orientações à população e esclarecimentos sobre como as pessoas devem agir em relação ao cão-guia para que não distraia a sua atenção e o deixe cumprir com a sua tarefa de trabalho: guiar o deficiente visual sem riscos para ambos. Karem perdeu a visão como sequela de um acidente de trânsito e participa sempre do Movimento Praça Lilás ensinando em oficinas de origami, crochê de dedo (os dedos substituem as agulhas) e outras habilidades manuais com uma perfeição incrível!
Há outras histórias de superação como a de Andréia, que ficou tetraplégica após um acidente de trânsito. A reabilitzação nbo Hospital da Rede Sarah, em Brasília, as lesões diminuíram para paraplegia e ela realizou o sonho de ser mamãe. Sua luta diária é para retomar a sua autonomia e realizar a maior quantidade de atividades da vida diária com independência, inclusive, deslocar-se pela cidade sem ajuda de outras pessoas. Andréia se desloca em cadeiras de rodas e com uma câmera acoplada ao corpo ou ao equipamento faz imagens que mostram o quão difícil é o acesso à mobilidade humana na cidade.
O fato de mais de 35% de todos os paratletas das Paralimpíadas 2016 serem sobreviventes de acidentes de trânsito vem ao encontro da constatação de que os acidentes de trânsito são a maior causa de deficiência nos acidentados. Por ano, são cerca de 60 mil mortos e uma legião que ultrapassa meio milhão de sobreviventes com algum tipo de sequela permanente. Os acidentes que envolvem motos, por exemplo, resultam em amputações, arrancamentos de membros; traumatismo craniano e lesões medulares.
A falta do uso do cinto de segurança em adultos ou crianças, as imprudências, atropelamentos, embriaguez ao volante e ultrapassagens indevidas que provocam as colisões frontais também despontam como as principais causas de deficiências em vítimas de acidentes de trânsito.
Geralmente, a vítima grave só é lembrada no momento do acidente, na hora em que a manchete ocupa as primeiras páginas de jornais e noticiários. Dali para a frente, quem mais sabe deles? Será que sobreviveram ao acidente ou faleceram dias, semanas ou meses depois? Como eles vivem? Que dificuldades enfrentam? Como se (re)adaptar às atividades da vida diária quando se perdeu algum membro, se tem algum tipo de sequela e tem-se de voltar à vida em um mundo que valoriza corpos sarados e perfeitos como um falso padrão de felicidade?
É para trazer à tona essas e outras questões que passam despercebidas no dia a dia que os próprios paratletas de Blumenau, com apoio da Furb e Prefeitura Municipal de Blumenau, participarão da Tarde na Praça com diversas atividades, dentre elas, o vôlei sentado, tênis de mesa, dentre outras. Haverá tendas e rodas de conversa sobre inclusão, apresentação de paratletas blumenauenses e do bairro da Velha em atividades, desafios e demonstrações de habilidades.
A Tarde na Praça começa às 14h e vai até às 17h na Praça Cirilo Theiss, ao lado do Ambulatório Geral da Velha e do Terminal Urbano.
Vítimas de acidentes e seus familiares que estejam passando por algum tipo de dificuldade para retomar a vida do ponto em que ela parou após o acidente serão acolhidas com diálogos, muito calor humano, aceitação e pelo exemplo de garra, de força, de vida e de superação dos paratletas e de todos os presentes.