Paciente recebe rim de amigo em transplante realizado no Hospital Santa Isabel

Haroldo e Álvaro em frente ao Hospital Santa Isabel antes do transplante | Foto: Gabriel Silva [Hospital Santa Isabel]

 

 

 

Haroldo e Álvaro em frente ao Hospital Santa Isabel antes do transplante | Foto: Gabriel Silva [Hospital Santa Isabel]

 

Em 2014 quando Haroldo do Nascimento, de 38 anos, foi diagnosticado com um grave problema no rim. A situação piorou e três anos depois a única solução para voltar a ter uma vida normal era um transplante.

Então vinha a tarefa de achar alguém com um órgão compatível. Foi aí que Álvaro Menezes, que ele conhece há mais de duas décadas, mostrou a verdadeira força da amizade, quando ofereceu doar um dos seus rins. Os dois tem a mesma idade, e após exames, foi confirmado que o órgão poderia ser transplantado.

Mas tinha outro problema. Até o quarto grau de parentesco, basta o consentimento de quem irá doar. Já no caso dos amigos, era necessário receber uma autorização judicial para comprovar que o rim não estava sendo vendido. Primeiro eles passaram por avaliações médicas e acompanhamento psicológico.

Deu tudo certo, e o juiz autorizou o transplante que foi marcado para dia 11 de dezembro de 2019. Na quarta-feira o procedimento foi realizado pelos urologistas José Carlos Arenhart e John Edney dos Santos, do Corpo Clínico do Hospital Santa Isabel, e da equipe de Medicina dos Transplantes. “Para nós é uma responsabilidade duplicada”, revela o Dr Arenhart. “Tiramos o rim de uma pessoa totalmente saudável e vamos colocá-la em outro paciente vivo”.

 

Foto: arquivo pessoal

 

Álvaro recebeu alta na manhã desta sexta-feira (13), enquanto Haroldo segue internado, sob acompanhamento médico, na Unidade Nossa Senhora Aparecida. O quadro de saúde dele é estável e precisa ficar sob supervisão médica após o transplante.

Os dois moram em Florianópolis (SC) e criaram um vínculo de amizade através da empresa que trabalham. Na época que se conheceram, Haroldo veio do Rio de Janeiro para morar na capital catarinense.

 

O transplante de rim

Num transplante de rim, o órgão de uma pessoa viva ou falecida, desde que esteja saudável, é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada – esse paciente já está em processo contínuo de hemodiálise. Através de uma cirurgia, o rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas. Diferente dos demais transplantes, os rins do paciente não são retirados: ele é posicionado ao lado do órgão que já era do paciente – a menos que estejam causando infecção ou hipertensão. Com o transplante, o paciente não precisa mais realizar a hemodiálise.

 

Como fica o doador?

É difícil estimar se ele terá problemas renais no futuro. Mas, é importante levar em consideração que ele passa a ter um órgão fazendo o trabalho de dois – o ser humano possui dois rins. Por isso, o doador terá cuidados especiais para o resto da vida. O paciente transplantado também: com frequência ele deve comparecer ao Ambulatório de Transplantes do Hospital Santa Isabel para exames. Com o passar do tempo, os exames vão se tornando anuais.

 

Hemodiálise

A Hemodiálise é um processo de purificação do sangue, em que um cateter é puncionado na veia do paciente, levando o sangue para o aparelho de hemodiálise. Outro cateter vem do aparelho para outra veia da pessoa. O processo é realizado na Renal Vida, no Centro Clínico Albert Eistein, ou numa unidade da Renal Vida no Hospital Santa Isabel. Se o paciente que está realizando a hemodiálise precisa viajar, ele precisa agendar sessões no local para onde está indo – ele não pode ficar sem! Um rim transplantado dura em média 10 anos. O procedimento cirúrgico dura de 3 a 4 horas.