A ONG Movimento Orgânico, de Blumenau, em parceria com o Instituto de Permacultura Vale do Itajaí (IPEVI), promoveu no último sábado (1/10/22) uma oficina de bioconstrução e permacultura que permitiu que os participantes pudessem colocar a “mão na massa” e revestir uma parede usando apenas elementos da natureza.
A técnica escolhida foi a taipa de mão ou pau a pique, em que as paredes são formadas por varas de bambu verticais e horizontais, com os vãos preenchidos por barro. O barro é amassado com os pés e depois misturado a alguma fibra vegetal, como capim ou palha.
“Na bioconstrução nós sempre buscamos as técnicas construtivas mais naturais enquanto a permacultura nos ensina a observar os ambientes e aprender com eles, atuando sempre em harmonia com os ciclos naturais já presentes”, explica o idealizador do projeto, Renan Carvalho. Os materiais usados para o processo foram terra, areia, palha, bambu e água, todos disponíveis no espaço que fica localizado no bairro da Velha Grande, o que permite realizar a edificação sem a necessidade de gasto com materiais.
“As paredes de barro, como as que construímos, possuem um conforto térmico e acústico muito superior às paredes de alvenaria. A parede de barro não aquece ou resfria tão rapidamente como o concreto. Casas com paredes de barro são muito mais frescas no verão e quentes no inverno, o que torna o barro e técnicas como a taipa de mão os favoritos para construção de casas de alto padrão em ecovilas sustentáveis”, comenta Carvalho.
Participaram da oficina mais de 20 pessoas, que a partir do trabalho em grupo revestiram a parede da cozinha de uma casa do Espaço Orgânico Imagine. Os participantes aprenderam a base permacultural, as vantagens e benefícios do uso do barro, análise e seleção da terra, tipos de estrutura, quantidades e mistura dos componentes e a aplicação e acabamento na prática.
Renato Demmer, que é proprietário de uma empresa de confecção, conta que apesar de fazer parte do Movimento Orgânico desde 2010, essa foi a primeira vez que participou desse tipo de atividade e que a experiência foi interessante. “A maioria das pessoas ali não se conhecia, e se uniu para fazer o projeto. A oficina conectou pessoas”, conta. Com o dia a dia voltado para o administrativo de uma empresa, ele pôde aproveitar a oportunidade para se aproximar da natureza.
A oficina foi ministrada pelos instrutores Beatriz Horongoso, arquiteta e urbanista que trabalha com bioarquitetura, paisagismo biodiverso, saneamento ecológico, design permacultural e gestão eficiente da água e compostagem, e Viglio Schneider, designer em permacultura que atua como instrutor e executa projetos nas áreas de educação, planejamento de propriedades com permacultura, agroflorestas, meliponicultura e bioconstrução.
Confira o documentário Movimento Orgânico