Esse gráfico foi elaborado pelo autor a partir do Sistema de Informação de Mortalidade, da Secretaria Estadual de Saúde. Ele demonstra o número de anos potenciais de vida perdidos na década de 2012 a 2021, devido a mortes por câncer de pulmão, entre homens e mulheres blumenauenses.
Sabendo que 80% desses casos tem relação com o hábito de fumar, trata-se de causas evitáveis de morte na nossa cidade. Algo a destacar, na interpretação desses dados: na faixa etária entre 20-49 anos, são elas que acabam perdendo mais, com vidas ceifadas na sua maior exuberância (entre sonhos e conquistas, desejos de porvir, quando a experiência começa a embelezar o canteiro das virtudes individuais).
Outra nota: em ambos os gêneros, é justamente na faixa etária entre os 50 e 64 anos que perdemos a maioria dos amigos, pessoas que admiramos ou nos animam nessa jornada tempestuosa, por vezes incerta, da vida de cada um…
Agosto passou.
Em agosto, algumas reportagens na mídia e diferentes profissionais se mobilizaram através de suas redes sociais (reflexos dos novos tempos) em relação ao risco de adoecer por câncer de pulmão. O chamado Agosto Branco (mês dedicado à conscientização sobre a doença) se foi no ano de 2022, e que arraste consigo o que de pior significou na vida de cada pessoa!
Os meses passam, os anos passam…matamos o tempo, e o tempo nos devora, como diria Machado de Assis. Por isto mesmo, vale a pena recordar. A neurociência explica: repetir é lembrar. E lembrar, ainda uma chance de mudança. Se não até agora, que seja em novembro e não fique para dezembro!
Mudança para quem ainda fuma. Jovem ou não, o caminho percorrido não importa, sempre há chance de mudar a rota da vida. Que os meses perdidos, à luz do que tratamos, não signifiquem anos perdidos na vida de cada um de nós!
Dr. Cristiano de Assis Pereira Hansen, médico oncologista em Blumenau. Pós-graduação em Saúde Coletiva na Universidade de Blumenau.