Entrevista e texto final: Claus Jensen | Fotos: Josiane Longhi
Nesta noite de quinta-feira (12), sobe ao palco do Teatro Carlos Gomes, o músico norte americano Linsey Alexander. Nascido no berço do blues, Mississippi (EUA), em 1942, ele cresceu em Memphis, no Tennessee. Há cinco décadas é parte da cena musical de Chicago, tocando com nomes de peso como B.B. King, Little Milton, Buddy Guy, Magic Slim, Robert Cray e tantos outros.
Na manhã desta quarta-feira (11) ele conversou com OBlumenauense em uma entrevista na cafeteria Amantes do Café. Como meu inglês não é dos melhores, contei com a ajuda do produtor André Hahn, que fez a tradução.
Eu comecei perguntando se já tinha tocado com algum grande músico brasileiro. Ele respondeu que sempre esteve acompanhado com ótimos músicos, mas que faziam parte das bandas de apoio, como por exemplo Léo Maia. Nos EUA é amigo pessoal de um ícone do blues: Buddy Guy. Amigos há mais de 20 anos, com quem se encontra e toca pelo menos uma vez por mês.
Na época em que se conheceram, o Buddy Guy fez uma proposta para tocar junto com ele na banda em uma turnê pela Argentina. Mas como o cachê não era interessante ele abriu mão da proposta. Mas essa relação seguiu adiante e a Legend´s, casa de shows de Buddy em Chicago/USA, é a que Linsey mais gosta de tocar.
A vinda dele ao Brasil é graças ao projeto Chicago Connection, que tem o objetivo de trazer um artista top da cidade norte americana uma vez por ano ao nosso país. Lindsey, aos 73 anos, com suas correntes, anéis e brincos, passa estilo, mas também simplicidade. No palco tem muita vitalidade com sua guitarra que lembra os melhores artistas que marcaram os Estados Unidos. O seu estilo musical, tem um pouco de Robert Cray, outra referência do blues. Recentemente ele perdeu um amigo famoso: B. B. King. No show dessa noite irá tocar algumas de suas músicas. Os dois tem um timbre de voz muito parecido.
Perguntei se ele conhecia a marca das Gaitas Hering, já que a empresa blumenauense já ajudou no patrocínio de alguns festivais de jazz e blues nos EUA. Disse que não, mas deve tocar no espetáculo dessa noite uma harmônica.
Ele é um artista autoral, que dá preferência ao repertório próprio nos shows. O CD de Linsey “Been There Done That”, lançado em 2012, foi considerado pela crítica americana o melhor de blues do ano. Em 2014, lançou “Come back baby”, o quinto da carreira, que para alguns, é melhor ainda. Seu estilo musical é mais alegre, tem muita vida e energia. Mesmo com todos os estilos musicais, para Lindsay, o mercado do blues não é popular, mas é cativo. Na semana passada ele voltou de uma turnê na França.
Perguntei se existia algum artista que lhe inspirou quando começou a carreira. Lindsay começou a gostar de música, quando tocava em festas promovidas pelo seu avô, girando a manivela das antigas vitrolas. Ouvia vários artistas, mas sempre procurou desenvolver seu próprio estilo.
Sobre as várias tecnologias atuais, inclusive a facilidade de compartilhamento de músicas, ele disse que prejudica muito o mercado. O melhor ainda nesse mundo tecnológico é baixar arquivos de músicas pagas como o iTunes da Apple. Hoje, onde mais se vende mais CD´s é em seus shows. Quem gosta da apresentação, acaba comprando um.
Entre os projetos para o próximo ano, estão uma turnê para a Índia, que considera um mercado novo, além de outra ao Japão. Ao mesmo tempo, também quer fazer um trabalho para se tornar mais popular nos EUA, com shows maiores, mas em menos quantidade.
Para finalizar, quis saber seu maior sonho enquanto músico e pessoa. Ele disse que é continuar viajando, conhecendo lugar novos, com saúde para estar no palco.