Fotos e texto: Luciano Bernz
Por volta das 10h desta quinta-feira (21), o empresário e Cônsul Honorário da Alemanha Hans Prayon, visitou o que restou do prédio do antigo Restaurante Frohsinn, que incendiou no fim da tarde de quarta-feira (20). Ele, junto com mais cinco empresários, foram os idealizadores do empreendimento, que mais tarde foi vendido. O empresário não escondeu a emoção ao falar com nossa equipe. Ele contou, pela sua perspectiva pessoal, um pouco da história da construção do lugar.
O Blumenauense: Blumenau recebeu com muita tristeza a notícia do incêndio no antigo Frohsinn. Mas, para o senhor deve ter sido pior, pois parte de sua história está aqui, não é mesmo?
Hans Prayon: É um filho que pegou fogo. Eu vi isto acontecendo, queria subir, mas não queria atrapalhar, por isso só vim hoje. Nós construímos isto. Eu era presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem, hoje SINTEX. Eram seis sócios, que representavam as seis grandes empresas têxteis de Blumenau: Cia Hering, Artex, Garcia, Teka, Cremer e Sul Fabril. Os presidentes destas empresas eram colegas meus.
Eu contei para eles que estavam vindo muitos europeus e brasileiros, pela primeira vez à Blumenau. Naquela época estavam se popularizando os primeiros automóveis com a Decavê e o Volkswagem. Então não se ia mais tanto de ônibus para Curitiba ou Porto Alegre. Passeávamos de carro. E passando pela rodovia, o pessoal via à esquerda, Blumenau. As pessoas vinham e ficavam impressionadas.
Evidentemente que elas perguntavam: Onde posso comer comida alemã? Eu respondia que em restaurantes daqui não tinha. Então eu fui falar com as 12 churrascarias que tinham na cidade, para eles fazerem um prato de comida alemã. Todas se negaram.
Foi aí que tive uma ideia: Se o pessoal quer comida alemã, tem que ser num restaurante típico alemão, se possível num lugar onde se conseguiria ver toda a cidade. Isto foi em 1968. Aí passei pela cidade e achei esse lugar aqui.
Falei com o Sr. Curt Zadrozny, que era o prefeito da época. Ele disse que não poderia ser vendido, por se tratar de um local que pertence à comunidade blumenauense. Falou ainda que poderia dar uma licença, com um contrato somente de 25 anos. Eu disse à ele: Eu aceito! Então o Herbert Müller Hering fez o desenho e o prefeito gostou. Levou para os vereadores e foi aprovado imediatamente, com uma licença para 25 anos, renovável se a prefeitura deixasse. Logo depois, o Heinrich Herwig construiu, tal qual o Herbert Hering havia desenhado. Ele foi inaugurado em 1969 e fez um sucesso fantástico.
Cheguei a receber o presidente da Alemanha aqui no Frohsinn. A primeira visita de um presidente alemão à Blumenau, que ficou impressionado, parabenizando a todos pela cultura que estávamos tentando manter aqui. Então, isto aqui é praticamente um filho meu, que infelizmente, por uma questão muito triste, não trouxe aquela vantagem que tinha antigamente. A prefeitura e os últimos prefeitos, queriam que o dono, ou a pessoa que aluga o restaurante fizesse o calçamento da rua de acesso. Isto custa quase 1 milhão de reais. Isso é impossível. Não é de responsabilidade de um restaurante calçar uma rua. Por isso o pessoal não veio mais. A noite é muito perigoso e o movimento baixou.
O Blumenauense: O senhor acha que houve negligência por parte do poder público no que diz respeito à conservação e segurança do prédio?
Hans Prayon: Não, o problema foi o dono que disse que iria calçar a rua e nunca fez nada. Depois que ele saiu, ninguém quis assumir por causa da rua que é muito perigosa para subir.
O Blumenauense: A prefeitura chegou a falar em reconstrução. O senhor acha possível reconstruir o prédio do Frohsinn?
Hans Prayon: Sim, acho possível. Mas a primeira coisa seria calçar a rua. Eu garanto que nós poderíamos e tem interessados em ajudar. Não estão pensando em ganhar dinheiro, porque isso é uma coisa que temos que fazer para o bem de Blumenau. Aqui é o lugar mais lindo da cidade, com a melhor vista.
E foi um sucesso no início, porque? Porque naquele tempo, você podia subir aqui com tranquilidade. A comida era excelente. Depois com essas exigências de calçar a rua e tudo mais, as pessoas perderam o interesse em tocar o restaurante. Estas duas coisas deram esse fim triste que estamos vendo hoje.
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