Por Fabiana Fuck | Psicóloga Parental
Não há voo seguro sem filhote pronto! Seja na natureza, seja aqui dentro de nossas casas, é preciso tempo, cuidado, segurança e amor, é preciso preparo.
O ninho abre asas e coração, alimenta o corpo e alimenta a mente. O ninho é a casa, é a cama do pai e da mãe, é o colo e carinho sem limites, o abraço durante o choro, o beijo no machucado, o chulé cheiroso, é o cheiro no pescoço, é o sentar no chão, é olhar no olho, ser ninho é simplesmente Ser.
Ser ninho é dar vida, uma vida que virá a ser fora dali, uma criança que virá a ser segura lá fora porque recebeu segurança aqui dentro, conhecedora de si porque aprendeu a se perceber, detentora de amor porque o recebeu sem limites, por onde quer que voe a criança do ninho voará feliz, voará leve, porque sabe de onde partiu, e sabe que pode voltar.
O nosso papel é cuidar do pré voo, para depois deixar ir, desejar que a criança vá, vá longe e alto, é desamarrá-la de qualquer obrigatoriedade sentimental, de qualquer compromisso conosco enquanto pais, nossos filhos não são responsáveis por nós ou por nossa felicidade, tão pouco devem ser nossa única fonte de felicidade, fazendo assim estaremos sufocando-os. Nossa obrigação é fornecer combustível, e não exigir que eles sejam o nosso.
O voo perfeito é feito sozinho, cada filhote tem o seu plano de voo e devemos respeitar, deixa-lo ir, sem amarras. Ele decidirá a rota, a velocidade e objetivos de cada alçada e cada pouso, e nós… há nós devemos apenas confiar, porque a essa altura conhecemos o tamanho da capacidade que possuem.
Voar é instinto, ela voará. E isso é ótimo.
Eu desejo de todo meu coração, que todas as crianças tenham ninho, e que todas as mães e pais saibam ser esse ninho tão necessário, para que muito breve vejamos apenas passarinhos de mentes felizes voando por aí, dançando com o vento, passarinhos inteiros e não machucados, passarinhos que cantam, passarinhos sem medo, nenhum passarinho enjaulado e de canto calado, passarinhos que anunciam vida e que sejam no futuro, passarinhos adultos livres e felizes, apenas.
Livres e felizes!