Neymar, nem sempre o craque é ídolo ou líder

 

Por Profº Albio Fabian Melchioretto, filósofo e mestre em educação

As organizações sérias pensam a equipe de colaboradores com olhar especial. A gestão de pessoas visa o bem da organização e o bem do indivíduo em harmonia. Existe uma relação que envolve os dois elementos e nela o papel do líder é fundamental. O líder é alguém motivado e ao mesmo tempo motiva as outras pessoas, ele atua na resolução de problemas, compartilha ideias e age na coletividade.

Trago estas linhas diante do fato que a imprensa francesa pesou na última semana. Na última quarta-feira (17/01/18), o Paris Saint-Germain, venceu o Dijon por 8 a 0. Foram 4 gols de Neymar e mais duas assistências. Em 23 jogos pelo clube, o brasileiro, marcou 24 gols. Entretanto, o jogador saiu de campo vaiado. No oitavo gol, que foi de pênalti, Neymar foi vaiado pela torcida por bate-lo quando poderia deixar a tentativa ao uruguaio Cavani que então tornar-se-ia o maior artilheiro da história do time parisiense. No momento, a torcida gritava o nome de Cavani e vaio o gol convertido por Neymar. De bico, saiu de campo sem agradecer a torcida e foi direto ao vestiário sem agradecer a torcida junto com os colegas de equipe.

Neymar é ótimo jogador, um fora de série. É prazeroso vê-lo jogar. Fato. Mas falta fair-play na ação do pênalti e em outros momentos da carreira. A imprensa esportiva ignorou o brilhantismo do atacante e os números fantásticos do time, e lembrou apenas do gesto do final da partida. Os jornais, no dia seguinte, poderiam estampar a foto de Neymar entregando a bola para Cavani e a comemoração da equipe. Também, poderiam os jornais estampar a foto do pênalti perdido por Cavani. Mas se este fosse o caso, com já um placar elástico, não haveria repercussão negativa. Um líder, mais que números e conquistas pessoais pensa no coletivo. Sem uma equipe que jogo com ele, não haveria números. Ninguém custa tanto quando ele impunemente. Então, tudo que o faz em campo, ou deixa de fazer, assume um peso maior.

Por qual motivo o tema é relevante? Neymar, há tempos, é o principal jogador de nossa seleção. Vivemos as vésperas de uma Copa do Mundo e a chance de superar o massacre da Alemanha. Nos últimos jogos do time de Tite, na ausência de Neymar, ou nos dias de que não estava bem, o desempenho foi abaixo do esperado. O craque do time exerce determinada liderança diante dos colegas. E neste caso, preocupa, quando penso a Copa, quando a atitude do craque se volta para o pessoal, quando é soberbo com a torcida, quando chama para si as conquistas e números. A atitude de Neymar foi legítima, pois o mesmo é o batedor oficial dos pênaltis, entretanto, além da legitimidade, há um contexto.