No dia 4 de setembro, ocorreu um acidente envolvendo os automóveis Chevrolet Corsa Wind com placas de Indaial e Nissan Versa de Blumenau, além de um caminhão Iveco Ectector de Porto Alegre (RS). A colisão aconteceu na Rua Itajaí, bairro Vorstadt, nas imediações da empresa Beagle (antiga Malwee), região de divisa com Gaspar.
Infelizmente o motorista do Versa, Jonathan Pierre Zavaglio, de 27 anos, não resistiu aos ferimentos. Os dois ocupantes do caminhão não se feriram, mas o motorista do Corsa foi encaminhado pelo Samu ao Hospital Santo Antônio com suspeita de fratura nas costelas.
O único motorista para dar uma versão do acidente era o do caminhão que parou em cima do Versa onde estava Jonathan. Como ninguém de OBlumenauense estava lá, apenas divulgamos o fato, dados informados pelos bombeiros e GMT.
Fomos atrás do motorista Jefferson Jorge de Souza, do Corsa, para saber a sua versão do acidente.
Nota de esclarecimento
Sou o motorista do Corsa envolvido no acidente nas proximidades da antiga Malwee na manhã do dia 4/09, trecho que tem velocidade controlada por várias lombadas em 50 km/h.
A versão dada pelo motorista do caminhão para vários veículos de imprensa, deu conta de que eu teria invadido a pista dele. Mas a informação não procede, pois quando percebi que o caminhão estava invadindo “a minha pista” desviei o que pude, mesmo assim fui tocado na dianteira, que foi rasgando minha lateral inteira, acabando na traseira do Corsa o que me fez rodar na pista e ir parar de ré num poste de energia.
Depois de mim, ele atingiu um Versa onde infelizmente estava o rapaz Jonathan que faleceu na hora. Meus eternos sentimentos a família enlutada, a esposa e ao filhinho que ficaram. A triste e forte imagem da câmera de segurança mostra exatamente este momento do caminhão subindo em cima do Versa.
Não houve tentativa ou ultrapassagem naquele momento como erroneamente foi divulgado por alguns veículos de comunicação da região. E também ao contrário do que vem sendo veiculado na mídia, não sofri ferimentos leves. Naquele momento tinha sim suspeita de perfuração de pulmão ou fratura de bacia, o que graças a Deus não se confirmou mais tarde. Mesmo assim tive fraturas de costelas e no pé esquerdo, além da perda total do veículo.
Naquele momento estava me dirigindo ao fórum de Blumenau para uma audiência. Iria buscar a minha esposa em casa, que há uma semana havia feito cirurgia de retirada de útero e ovários por conta de câncer. Ela está impedida de dirigir por 60 dias.
Jamais tentaria ultrapassar naquele local, com tráfego intenso numa manhã de terça-feira, e muito menos teria motivo para invadir a pista contrária. O instinto de qualquer motorista experiente que trafegasse no trecho, se eu tivesse de fato invadido a pista dele seria tirar para a direita o seu veículo e não o contrário. Uma perícia irá provar isso.
Mais uma vez, meus sentimentos a família de Jonathan, e, força e coragem neste momento incomparável de perda. Só quem já perdeu um ente querido de maneira tão trágica sente as dores do desaparecimento, e necessita de todo o apoio de familiares e amigos.
Também sou pai e avô, e se tivesse morrido ficaria esta versão de que forcei ou realizei uma ultrapassagem e, por conta, disso ocorreu o acidente (como foi citado em alguns veículos de comunicação). Jamais tentei ultrapassar o Versa, pois ele não estava a minha frente na pista. Só fiquei sabendo da existência do Versa quando estava na ambulância sendo atendido.
Ainda é preciso perguntar há quanto tempo o motorista do caminhão estava em viagem, verificação da velocidade registrada no tacógrafo e possibilidade de falha mecânica. Claro, que nada disso seria levantado se eu estivesse morto.
Em vários sites pesquisados por mim não é possível saber quem estava de fato dirigindo o caminhão, o rapaz de 22 ou o de 23 anos. Que experiência o motorista tinha de fato para dirigir um veículo pesado daquele. Tinha capacitação para tal?
São inúmeras as questões ainda a serem abordadas. A minha versão seguirá sendo esta, de que o caminhão invadiu a minha pista. As declarações de motorista e ajudante deram conta de que eu estaria ao telefone. Ora, se eu invadi a pista deles de repente, como perceberam daquela altura da cabine que eu supostamente estaria ao telefone ou que ainda parecia “mal” se permaneci consciente o tempo todo fornecendo inclusive a carteira de motorista ao guarda municipal, pedindo para que apanhassem os meus pertences no corsa e respondendo tudo que os socorristas me perguntavam?
Se tivessem toda esta habilidade para perceber que supostamente eu estava ao telefone, invadido a pista deles ou passando mal, se desse tempo de pensar tudo isso, a direção defensiva também os faria ou o faria (o motorista) conseguir não atingir o nissan versa de frente literalmente subindo sobre o carro e matando jonathan.
Agradeço o espaço dado por este veículo que mesmo sem eu pedir, me concedeu esta possibilidade de dar a minha versão do acidente.
“OBlumenauense” é mais um veículo que faz jornalismo de fato, de verdade, registrando apenas aquilo que ocorreu na cena do acidente sem pré-julgamentos, condenações antecipadas ou induzindo o leitor ao erro.
Isso é fazer jornalismo responsável. Estou atento a tudo que acontece, mas tenho plena consciência de que não causei a morte de Jonathan. E repito, se morrido eu tivesse, como outras centenas de versões de motoristas que sobreviveram, a verdade absoluta seria somente a de quem sobreviveu. Quem tivesse morrido acusado de ter causado a tragédia não teria como se defender.
Mais uma vez meus sentimentos a esposa, filho e familiares de jonathan por esta dor incomparável de perda repentina. Mas creio que neste momento devemos cobrar sim, eu e os os familiares de jonathan, a possibilidade de fato e de direito de solicitar culpabilidade correta e o devido ressarcimento de danos materiais, morais e psicológicos causados a nós, estes últimos que nos acompanharão pelo resto de nossas vidas.
Atenciosamente
Jefferson Jorge de Souza