Morre o Papa Francisco, aos 88 anos, no Vaticano

Primeiro pontífice das Américas, ele será lembrado por seu olhar humano, apelos pela paz e firmeza na defesa dos pobres, do meio ambiente e da inclusão.

O mundo acordou com a notícia do fim de uma era na Igreja Católica. O Papa Francisco morreu às 7h35 (horário de Roma) desta segunda-feira (21/04/25), na Casa Santa Marta, residência onde viveu seus últimos anos no Vaticano. A morte foi anunciada com pesar pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé:

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja.”

Mesmo debilitado, o pontífice ainda fez sua última aparição pública na manhã de domingo (20), na sacada da Basílica de São Pedro, de onde abençoou o mundo com a mensagem de Páscoa. Foi seu último gesto de proximidade com os fiéis que o acompanhavam há mais de uma década.

“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos sua alma ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, declarou o cardeal.

 

Foto: Vaticano

Um pastor com cheiro de povo

Francisco, nome adotado por Jorge Mario Bergoglio ao assumir o papado, foi um papa que se aproximou das pessoas. Argentino, filho de imigrantes italianos e o mais velho de cinco irmãos, nasceu em Buenos Aires e ainda jovem formou-se técnico em química. Mas logo seguiu o chamado para a vida religiosa.

Licenciou-se em filosofia e teologia, foi professor, padre jesuíta, bispo auxiliar e arcebispo da capital argentina. Em 2001, foi nomeado cardeal por João Paulo II. Como líder da arquidiocese de Buenos Aires, priorizou os pobres, os doentes e os esquecidos.

Quando assumiu o papado em 2013, após a renúncia de Bento XVI, Francisco levou ao Vaticano um novo estilo: simples, acessível e profundamente humano. Gostava de dizer que os líderes religiosos precisavam ter “cheiro de ovelha”, ou seja, estar junto do povo.

Mesmo com a saúde frágil nos últimos anos — com o uso de cadeira de rodas, bengala e internações — manteve boa parte de sua rotina e reuniões dentro da própria residência. Em 2024, chegou a dizer que não via motivos sérios o suficiente para renunciar:
“Ainda posso continuar”, afirmava com serenidade.

 

Foto: Vaticano

Voz ativa pela paz, justiça e meio ambiente

Durante seu pontificado, Francisco foi mais do que um chefe de Estado. Foi uma voz forte em defesa da paz e da dignidade humana. Não se calou diante dos conflitos na Ucrânia, na Faixa de Gaza e em outras partes do mundo.
“Territórios não devem ser invadidos. A soberania se garante com diálogo, não com ódio ou guerra”, disse em uma de suas falas mais marcantes.

Também deixou sua marca ao abrir espaço para as mulheres no alto escalão da Igreja. Em janeiro de 2025, nomeou a freira Simona Brambilla para comandar um dos departamentos mais importantes do Vaticano — algo inédito até então.

Em 2023, autorizou que padres pudessem abençoar casais do mesmo sexo, desde que fora das liturgias. Não era uma mudança de doutrina, mas uma demonstração clara de acolhimento: “Padres não devem evitar a proximidade da Igreja com quem busca a ajuda de Deus”, destacou um documento aprovado por ele.

Um papa atento à criação e aos milagres

Francisco também dedicou atenção constante ao cuidado com a Casa Comum, como chamava o planeta. “A Terra está com febre. Está doente”, alertou em 2024, cobrando uma resposta urgente da humanidade às mudanças climáticas. Para ele, os mais afetados pelas catástrofes ambientais são sempre os mais pobres.

Outro momento simbólico de seu pontificado aconteceu em outubro do mesmo ano, quando canonizou o padre italiano José Allamano por um milagre reconhecido no Brasil. A história envolve a cura de um indígena yanomami, atacado por uma onça em Roraima, cuja recuperação foi atribuída à intercessão do religioso.

Um adeus com fé e gratidão

Francisco presidiu, em janeiro de 2023, o funeral do Papa emérito Bento XVI, seu antecessor. Agora, é a vez dos fiéis do mundo inteiro se despedirem de um homem que marcou seu tempo com compaixão, coragem e espírito missionário.

Ele parte deixando lições profundas sobre humildade, escuta e compromisso com os mais vulneráveis. Um pastor que não teve medo de inovar, que enfrentou críticas, mas nunca abriu mão de acolher.

Seu legado permanece nas palavras, nas atitudes e na fé dos milhões que o reconheceram como guia espiritual. Francisco, o Papa das Américas, agora descansa em paz.

Imagens mostram a trajetória de Jorge Mario Bergoglio

Fotos e vídeos da infância, juventude, ordenação episcopal e atuação em Buenos Aires mostram a trajetória de Jorge Mario Bergoglio até 13 de março de 2013, quando apareceu na Praça São Pedro como o Papa vindo “do fim do mundo”. Tudo em dois minutos e meio.

Com informações do Vaticano News.