Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12/08/24), aos 96 anos. Ele estava internado desde 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo (SP), por complicações em seu quadro de saúde, cujo motivo não foi revelado pela assessoria.
Netto foi um dos mais influentes economistas e políticos do Brasil no século 20. Ele ocupou o cargo de ministro da Fazenda aos 38 anos, sendo o mais jovem a assumir a pasta, durante os governos militares de Costa e Silva e Médici. Delfim foi um dos principais responsáveis pelo chamado “milagre econômico”, período de crescimento acelerado da economia brasileira entre 1967 e 1973. Contudo, também participou da assinatura do Ato Institucional número 5 (AI-5), o mais repressivo da ditadura militar, em 1968.
Além de sua atuação na Fazenda, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França entre 1975 e 1977, durante o governo de Ernesto Geisel. Em seguida, assumiu o Ministério da Agricultura e, posteriormente, o Ministério do Planejamento no governo de João Figueiredo. Durante a década de 1980, ele enfrentou a crise financeira mundial decorrente do choque do petróleo e da elevação dos juros americanos, que afetaram profundamente a economia brasileira.
Com a redemocratização do país, Delfim se adaptou ao novo cenário político, sendo eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos, exercendo influência tanto no campo econômico quanto no político. Mesmo fora do governo, continuou a aconselhar presidentes, incluindo os do Partido dos Trabalhadores, e empresários.
Nascido em 1928, no bairro operário do Cambuci, em São Paulo, Delfim era neto de imigrantes italianos e se formou na Universidade de São Paulo (USP), onde mais tarde se tornou professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Em 2014, ele doou sua biblioteca pessoal, composta por mais de 100 mil títulos acumulados ao longo de quase oito décadas, à FEA-USP.
Delfim Netto também publicou mais de 10 livros sobre economia brasileira, além de assinar artigos em centenas de jornais e revistas. Seus textos eram publicados regularmente em veículos de grande circulação, como Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Carta Capital, além de cerca de 70 outros periódicos em todo o país.
Delfim deixa uma filha e um neto. Conforme a assessoria do ex-ministro, o velório não será aberto ao público e o enterro ocorrerá de forma privada, restrito aos familiares.