As maçãs Luiza, Venice e Isadora, desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), foram premiadas como Melhor Maçã do Ano na edição 2025 da Protagonisti della Ortofrutta Italiana, promovida pela revista Corriere Ortofrutticolo. Comercializadas na Itália sob a marca Sambóa®, essas variedades vêm ganhando espaço no mercado europeu. “Essa honraria comprova o alto padrão de qualidade e o sabor excepcional das maçãs”, afirma Marcus Vinicius Kvitschal, pesquisador e melhorista genético da Estação Experimental da Epagri em Caçador.
Melhoria genética e expansão internacional
A história do melhoramento genético de macieiras na Epagri começou há mais de 53 anos, resultando no desenvolvimento de mais de 20 cultivares. Nos últimos 25 anos, a empresa tem firmado parcerias nacionais e internacionais para ampliar a presença comercial dessas variedades.
Uma dessas parcerias é com a empresa francesa IFO, que há mais de duas décadas testa genótipos de macieira da Epagri na Europa. Quando um genótipo se destaca, a IFO busca parceiros comerciais interessados em investir na sua produção e comercialização.
Foi nesse contexto que, em 2019, representantes do grupo fruticultor italiano Rivoira visitaram a Epagri no Brasil, após terem tido boas impressões sobre as variedades Luiza, Venice e Isadora na França. O interesse do grupo resultou, menos de um ano depois, na aquisição dos direitos exclusivos dessas variedades fora do Brasil. Assim nasceu o projeto Brazilian Variety, voltado para a popularização dessas maçãs no mercado internacional sob a marca Sambóa®.
Sambóa®: sucesso nos eventos de frutas na Europa
A estratégia do grupo Rivoira para consolidar a marca inclui a colheita das maçãs no ponto ideal de maturação, garantindo ao consumidor frutas super-doces, crocantes e suculentas durante todo o ano. Essa aposta tem dado certo: a marca Sambóa® vem ganhando destaque nas feiras e eventos de frutas na Europa, chamando atenção pelo alto padrão de qualidade.
Atualmente, mais de 200 hectares na Itália já são cultivados com as macieiras da Epagri, mas a meta é chegar a 4 mil hectares em cinco continentes, tornando a marca ainda mais acessível ao mercado global.
Desafios no Brasil
Apesar do sucesso internacional, o mercado brasileiro ainda resiste à adoção das novas variedades. Segundo Kvitschal, a produção nacional continua dominada pelas maçãs Gala e Fuji, mesmo com suas limitações, como a alta suscetibilidade a doenças e a falta de adaptação ao clima brasileiro.
“As novas variedades híbridas da Epagri possuem vantagens agronômicas significativas e alta qualidade sensorial, mas enfrentam barreiras comerciais para se consolidar no país”, explica o pesquisador.
Vantagens das variedades brasileiras
Estudos da Epagri comprovam que Luiza, Venice e Isadora apresentam diferenciais importantes, como:
- Adaptação ao clima local
- Resistência às principais doenças da macieira
- Precocidade na produção
- Qualidade visual e sensorial superior
- Alta capacidade de conservação
Enquanto o Brasil mantém um mercado pouco diversificado, o setor europeu demonstra uma visão diferente. “Os italianos entenderam que, mesmo com dezenas de marcas competindo, é essencial diversificar a produção e investir em novas tecnologias para consolidar essas variedades no mercado”, conclui Kvitschal.
O reconhecimento da Sambóa® na Itália reforça o potencial das maçãs brasileiras no cenário internacional, mostrando que a inovação e o investimento contínuo em pesquisa podem abrir portas para novos mercados.
Fonte: Governo de Santa Catarina
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