Laringe eletrônica é incluída no SUS

 

A Portaria n° 39/2018 do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União, incluiu a laringe eletrônica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a portaria, o prazo máximo para efetivar a oferta no SUS é de 180 dias.

Com a inclusão do aparelho no SUS, logo após a cirurgia, o paciente agora poderá ter acesso facilitado. A informação é da fonoaudióloga Luciara Giacobe que destaca que atualmente os pacientes perdem a voz e podem demorar até conseguir se comunicar novamente. “Com a incorporação da laringe eletrônica no SUS, todos os laringectomizados totais terão acesso a essa forma de reabilitação como forma primária, logo após a cirurgia”, pontua Luciara.

Melissa Ribeiro, co-fundadora da Associação Câncer Boca e Garganta (ACBG), comemorou a decisão. “Trabalhamos firmes para garantir o direito dos laringectomizados obterem uma opção de reabilitação fonatória, pois fornecer esse equipamento eletrônico permitirá que os portadores de câncer voltem a se comunicar com seus familiares, médicos e assim ter condições de interagir minimamente em sociedade”, explica Melissa.

Para o deputado federal Valdir Colatto (MDB-SC), autor do projeto de lei que institui o dia do laringectomizado, essa publicação é fruto de um trabalho que vem sendo realizado há mais de quatro anos. “As demandas desses pacientes precisam ser atendidas. Acompanho grupos de laringectomizados e sei do valor e da dignidade que o acesso a este aparelho podem proporcionar”, comentou o político, que desde 2014 busca também a atualização do valor da prótese traqueosofágica na tabela do SUS.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), anualmente cerca de 7.350 cidadãos são acometidos por câncer de laringe, sendo em média 6.360 homens e 990 mulheres. Desse total, 4.141 morrem, quase sempre esperando pela radioterapia, que é rara e falha no SUS. A causa quase sempre é externa, como fumo, bebidas alcoólicas e infecções pelo vírus do HPV.

Os sobreviventes, que perdem a voz, passam a respirar por um buraco na traqueia chamado estoma. Eles enfrentam problemas para engolir alimentos, dificuldades respiratórias e de olfato, problemas emocionais e alteração na qualidade de vida. Não poderão nunca mais, por exemplo, tomar banho de piscina ou de mar, já que há risco de a água entrar pelo estoma, causando pneumonia e outras complicações.

Formas de reabilitação

Após a cirurgia de laringectomia total, os pacientes ficam sem falar. Caso não tenha acesso imediato à laringe eletrônica, somente após ser encaminhado a especialistas é que ele vai poder escolher entre as demais formas de reabilitação possíveis: prótese traquiesofágica ou voz esofágica. De acordo com a fonoaudióloga Luciara “a laringe eletrônica é uma ótima opção para quem não consegue desenvolver a voz esofágica ou não se adapta a prótese traquiesofágica. Por isso, é um grande avanço para o nosso país ter esse aparelho a disposição de todos os pacientes”.

O que é a laringe eletrônica?

É um equipamento eletrônico movido a bateria recarregável tipo bastão vibrador, portátil, leve e de fácil utilização e aprendizagem. O paciente pressiona o equipamento na região submandibular ou na porção mediana do pescoço (papada) e aciona o botão para emissão do som. Ele emite uma vibração sonora contínua, que é transmitida ao ressonador buconasofaríngeo, e pelos órgãos articuladores, como lábios, língua e dentes, é transformada em palavra falada.