LabZoo: um espaço dedicado à biodiversidade marinha catarinense

O laboratório foi criado em 2010 e está vinculado ao Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), da Udesc.

Primeira foto de baleia registrada por Manoela Carvalho Pereira, que começou como bolsista em 2019 e hoje é técnica contratada

Existe um espaço dedicado ao estudo de botos-pescadores, aves costeiras, tartarugas marinhas e outras espécies que compõem a biodiversidade catarinense. É no Laboratório de Zoologia (LabZoo), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que tecnologias como inteligência artificial, análise de dados ecológicos e técnicas avançadas de osteologia ajudam a desvendar os mistérios da fauna local e a promover sua conservação.

Criado em 2010, o LabZoo está vinculado ao Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), da Udesc. Situado na Praia do Gi, em Laguna, o laboratório combina ensino, pesquisa e extensão em uma estrutura que abriga a Unidade de Estabilização de Fauna Marinha, criada em 2017. Este serviço integra o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), coordenado pela Petrobras, que avalia o impacto das atividades petrolíferas sobre aves, mamíferos e tartarugas marinhas.

Os 22 colaboradores contratados pelo convênio com a Univali se dedicam ao resgate e atendimento de animais marinhos, como um filhote de toninha (Pontoporia blainvillei) encontrado em Balneário Arroio do Silva e uma baleia-piloto (Globicephala sp) resgatada em Imbituba. O trabalho, que envolve uma equipe multidisciplinar, é fundamental para a preservação dessas espécies.

Além das ações de campo, o LabZoo possui uma coleção científica com mais de três mil exemplares de 80 espécies diferentes, organizados para fins de estudo taxonômico e identificação de espécies. Essa coleção, denominada Coleção Científica Juan Alfredo Ximenez, é considerada um legado importante para a pesquisa sobre a diversidade faunística de Santa Catarina.

Atualmente, 28 estudantes de graduação e pós-graduação estão vinculados ao laboratório, com projetos que incluem estudos sobre anfíbios ameaçados de extinção, ecologia forense e aplicação de inteligência artificial em pesquisas ecológicas. O laboratório também mantém parcerias com instituições nacionais e internacionais, como a Universidade da Flórida, a UFSC e o ICMBio, para ampliar o alcance de suas iniciativas.

A formação acadêmica é outro ponto forte do LabZoo. “As atividades que realizamos têm como objetivo demonstrar a rotina de um profissional em Ciências Biológicas, preparando os alunos para o mercado de trabalho”, afirma Pedro Volkmer de Castilho, coordenador do laboratório. A estudante Eduarda Vanzin destaca que o laboratório permite vivenciar a prática profissional: “É uma amostra de como é o dia a dia de um biólogo formado. Isso nos ajuda a decidir se é realmente isso que queremos.”

Já Manoela Carvalho Pereira, que começou como bolsista em 2019 e hoje é técnica contratada, lembra que o período no LabZoo foi decisivo para desenvolver habilidades acadêmicas e profissionais. “Desenvolvi muita segurança para tomar decisões e aprendi a trabalhar em equipe, o que reflete diretamente na minha atuação atual”, conta.

O LabZoo também promove educação ambiental para a comunidade por meio de atividades no Bosque das Baleias, onde estão expostos esqueletos de mamíferos marinhos, e pelas redes sociais, como o Instagram. “Estamos no caminho da modernidade, eficiência e excelência, sempre inovando e criando espaços para pesquisa, ensino e extensão”, finaliza Pedro Castilho, ao vislumbrar o futuro do laboratório.

Abaixo dois casos em que os profissionais se esforçaram para salvar as vidas, mas infelizmente não foi possível.

baleia-piloto macho adulto | Foto: Laboratório de Zoologia da UDESC

Em 7 de janeiro (2025), uma baleia-piloto macho adulto, da espécie Globicephala macrorhynchus, com 4,88 metros, encalhou na Praia do Porto, em Imbituba. O animal apresentava sinais de afogamento, esforço respiratório e múltiplas lesões pelo corpo.

Equipes do PMP-BS, alunos do LabZoo, bolsistas e voluntários se mobilizaram com apoio de diversas instituições, incluindo o ICMBio, a Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil, sob a coordenação do médico veterinário Dr. Eduardo Macagnan. Apesar dos esforços incansáveis, o quadro não pôde ser revertido. Esses casos evidenciam a complexidade do manejo de cetáceos, que requerem conhecimento especializado devido à sua adaptação a águas profundas.

 

Foto: Laboratório de Zoologia da UDESC

No dia 7 de dezembro (2024), um filhote de toninha (Pontoporia blainvillei), espécie criticamente ameaçada de extinção, foi encontrado encalhado com vida em Balneário Arroio do Silva. O animal, pesando 3,8 kg e medindo cerca de 70 cm, foi resgatado pelo Educamar Brasil (Organização para preservação ambiental) e transportado pela Polícia Militar Ambiental até a Unidade de Estabilização de Fauna Marinha da Udesc.

Sob monitoramento contínuo, o filhote recebeu cuidados como fluidoterapia, alimentação via sonda e tratamento para desconfortos abdominais. Apesar dos esforços, o estado delicado do animal se agravou e, três dias depois, ele não resistiu, vindo a óbito.